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Cantareira pode encher em um ano, diz governo de SP

Segundo secretário, Sistema pode se recuperar completamente em um ano caso volte a chover dentro da média histórica

Vista do coletor de água no sistema de abastecimento de água da Cantareira na represa de Jaguari em Joanópolis (Paulo Whitaker/Reuters)

Vista do coletor de água no sistema de abastecimento de água da Cantareira na represa de Jaguari em Joanópolis (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2014 às 07h58.

São Paulo - Contrariando estimativas feitas por especialistas e pela própria Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o secretário estadual de Saneamento e Recursos Hídricos, Mauro Arce, afirmou ontem que o Sistema Cantareira pode se recuperar completamente em um ano caso volte a chover dentro da média histórica nos reservatórios a partir de novembro.

Segundo ele, a chance de que isso ocorra é de 50%.

Nesta terça-feira, 8, o principal manancial paulista atingiu a marca de 10% da capacidade. Restam disponíveis nas cinco represas que compõem o sistema apenas 97,3 bilhões de litros da primeira cota do chamado volume morto.

A Sabesp pretende utilizar mais 106 bilhões de litros da reserva profunda dos reservatórios para manter o abastecimento de água na Grande São Paulo até março de 2015 sem decretar racionamento oficial.

"Se der a média de longo termo (volume médio de cada mês em 84 anos de medição) no Cantareira, e eu continuar tirando o que estou tirando hoje de lá, uns 18 (mil litros por segundo), e mantendo o (programa de) bônus, eu encho o reservatório.

No final de novembro de 2015, (o Cantareira) vai estar recuperado. E qual é a chance de dar a média? 50%", afirmou Arce, após reunião do Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

Dados do comitê anticrise do Cantareira mostram, contudo, que, desde agosto de 2012, portanto, há dois anos, o manancial não registra uma vazão afluente dentro da média histórica.

Em agosto, por exemplo, o volume de água que chegou às represas correspondeu a 29,2% da média. Neste mês, está em 39,2%. Desde janeiro, os índices estão abaixo das piores marcadas já registradas em 84 anos.

No fim de julho, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, disse que a recuperação do Cantareira pode levar ao menos três anos.

"Tem de chover no período de verão próximo da média para sobreviver. Em 2003 e 2004, o Cantareira se recuperou em três anos. Portanto, não será uma recuperação anual. Pode ocorrer, mas o homem ainda não controla o clima", afirmou à época. Na última crise de estiagem, há dez anos, o nível do manancial chegou ao que hoje seria 20% da capacidade, sem a necessidade de usar o volume morto.

Segundo Arce, os cálculos anteriores consideravam uma retomada de retirada de água do Cantareira para o período antes da crise, em torno de 34 mil litros por segundo para abastecer cerca de 14 milhões de pessoas na Grande São Paulo e na região de Campinas.

Neste mês, o manancial tem liberado, em média, 22,2 mil litros por segundo para as duas regiões, sendo 19,1 mil litros por segundo para a Sabesp.

No fim de agosto, a Agência Nacional de Águas (ANA), um dos órgãos gestores do Cantareira, anunciou um acordo com o governo Geraldo Alckmin (PSDB) para reduzir a retirada de água do manancial pela Sabesp para 18,1 mil litros por segundo a partir de 30 de setembro, e para 17,1 mil litros por segundo a partir de 31 de outubro.

À época, Arce negou que houvesse acordo.

Ontem, o secretário não respondeu se a Sabesp vai reduzir mais a captação do Cantareira, que ainda abastece cerca de 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo. "Estamos fazendo esforços, com obras sendo feitas", disse.

Segundo ele, a estatal deve reduzir 1,5 mil litros por segundo de retirada até outubro, com o remanejamento de água dos sistemas Rio Grande e Guarapiranga para bairros atendidos pelo Cantareira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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