São Paulo - Mesmo tendo voltado a registrar chuva, o Sistema Cantareira completou nesta terça-feira, 5, duas semanas sem aumento no volume armazenado de água.
Segundo relatório da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgado nesta terça-feira, 5, o nível do mais importante manancial de São Paulo se manteve estável com 19,7% da capacidade - mesmo índice do dia anterior.
Com o retorno do período seco, o nível do Cantareira, que atende 5,4 milhões de pessoas na capital e Grande São Paulo, subiu pela última vez no dia 21 de abril.
Na ocasião, o manancial ganhou 0,1 ponto porcentual do volume de água represada - passando de 20% para 21%.
Esse índice, tradicionalmente divulgado pela Sabesp, leva em conta duas cotas de volume morto, de 182,5 bilhões de litros de água e de 105 bilhões de litros, adicionadas no ano passado.
Nas últimas 24 horas, a pluviometria na região foi de 4,4 milímetros, praticamente a totalidade das chuvas registradas nesta primeira semana de maio, de 4,5 mm.
O número corresponde a apenas 36% do volume esperado, caso a média histórica para o período estivesse se repetindo.
Antes, o Cantareira chegou a passar 85 dias sem queda, mas a sequência foi interrompida no dia 28 de abril, há uma semana. Desde então, o sistema já perdeu água armazenada outras três vezes.
Segundo o cálculo que considera o volume negativo, que passou a ser divulgado pela Sabesp em abril após ordem judicial, o Sistema Cantareira manteve -9,5%.
Já de acordo com um terceiro conceito, o manancial continua operando com 15,3% da capacidade. Esse cálculo leva em consideração todo o volume armazenado dividido pelo volume útil acrescido das duas cotas de volume morto.
Outros mananciais
Dos demais sistemas, dois tiveram alta e outros dois caíram. Além do Cantareira, o Sistema Alto Cotia foi o único a se manter estável, com 65,3%.
O maior aumento foi do Sistema Rio Claro, que subiu 0,5 ponto porcentual, passando de 50,7% para 51,2%, após chuvas de 26 mm.
Por sua vez, o Alto Tietê passou a operar com 22,5% da capacidade: 0,1 ponto a mais do que no dia anterior, quando estava com 22,4%. Esse cálculo considera uma cota de volume morto, com 39,4 bilhões de litros de água.
Apesar das chuvas de 5,2 mm, o Sistema Guarapiranga registrou nova queda. O manancial está com 81,2% do volume de água - 0,2 ponto a menos quando comparado com segunda. Além dele, o Rio Grande caiu 0,1 ponto e chegou a 95% da capacidade.
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1. Uma história de ataques e danos
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São Paulo - A relação das cidades com as
águas é um negócio curioso. Os homens sempre procuraram se fixar ao longo dos grandes rios para ter água e vias de transporte próximas. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento urbano acarretou a deterioração desses recursos hídricos, comprometendo sua quantidade e qualidade. No maior estado do Brasil, não foi diferente. A história de São Paulo com seus rios é marcada por ataques e danos, que se repetem até hoje e nos ajudam a entender a crise hídrica que assombra a região de um jeito diferente
— mais integrado. Veja nas fotos 10 números que mostram o descaso do Estado paulista com este bem tão precioso.
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2. Passe livre para poluir
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Tão importante quanto ter água em quantidade é ter água de boa qualidade. São Paulo deixa de tratar quase 57% dos esgotos gerados, segundo dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento Básico do Ministério das Cidades. Toda essa água suja ameaça as reservas limpas e encarece os custos de tratamento no futuro.
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3. Zero tratamento
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Entre os 645 municípios do Estado, pelo menos 60 não possuem tratamento algum de esgoto. Sem rede adequada, todo o esgoto gerado vai parar nos rios próximos. Em todos eles, a coleta de esgoto não passa de 40% dos domicílios.
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4. Ainda tem gente sem acesso à coleta de esgoto
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Quase 25% da população do Estado de São Paulo ainda não conta com serviços de coleta de esgoto. Quem mora nessas situações, precisa recorrer a métodos de risco para a saúde, como o uso de fossa negra.
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5. Desperdício
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De cada 100 litros de água coletada e tratada, apenas 66 litros chegam são e salvos na casa dos paulistas. Os outros 34 litros ficam pelo caminho. Ligações clandestinas, vazamentos, obras mal executadas ou medições incorretas no consumo de água são as principais causas das perdas. Um quadro imperdoável para um recurso tão precioso e cada vez mais escasso.
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6. Despejo ilegal
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No entanto, nem toda a água que sai das indústrias em forma de esgoto retorna limpa para o meio ambiente, como deveria acontecer. A cada hora, as indústrias paulistas descartam cerca de dez milhões de efluentes cheios de resíduos tóxicos e sem tratamento algum nos rios e lagos dos municípios de São Paulo. Por dia, o descarte ilegal de esgoto industrial daria para encher dois lagos do Parque Ibirapuera, segundo estudo feito pela Grupo de Economia da Infraestrutura e Soluções Ambientais, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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7. Descaso com as áreas verdes piora a crise
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Nos últimos 50 anos, a região da Cantareira teve quase 80% de sua vegetação nativa desmatada, segundo um
levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atlântica. Atualmente, restam apenas 21,5% da cobertura original nas bacias hidrográficas e nos 2.270 quilômetros quadrados do conjunto de seis represas que compõem o Sistema Cantareira. Os impactos do
desmatamento em áreas de manancial são significativos. A floresta tem papel essencial na prevenção de secas, pois reabastece os lençóis freáticos e impede a erosão do solo e o assoreamento de rios.
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8. "Joga no rio que o rio resolve"
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A política do laissez-faire com relação ao manejo do lixo resulta em situações como a que deixou atônita a população da região de Salto, em Sorocaba, em julho do ano passado. Por conta da estiagem severa, o Rio Tietê, que corta o centro da cidade, transformou-se num fio de água e expôs toneladas de lixo acumulado ao longo de décadas.
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9. Clandestinidade impera
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Na grande maioria dos casos é dos poços artesianos que os caminhões pipa retiram água. A cidade de São Paulo tem cerca de 2000 poços outorgados pelo DAEE, mas especialistas do setor estimam em mais de 8 mil o número de clandestinos, que incluem tantos poços operantes, como paralisados.
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10. Rodízio "vetado"
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O rodízio de água era a primeira opção apresentada pela Sabesp para contornar os níveis decadentes do sistema Cantareira. O plano foi formalmente entregue em janeiro de 2014 ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), mas foi descartado pelo governo Alckmin. Na ocasião, o rodízio proposto era de 48 horas com água e 24 horas sem para as localidades atendidas pelo Cantareira. Se tivesse sido implementada há um ano, a medida poderia ter resultado em uma economia de 120 bilhões de litros em 2014.
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11. Tietê na UTI
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O mais importante rio do estado de São Paulo também é o mais poluído do Brasil, segundo o levantamento “Indicadores de Desenvolvimento Sustentável”, do IBGE.
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12. Água no ralo
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