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Candidato do mercado ganha aliados. Mas conseguirá os eleitores?

Nos últimos dias, Geraldo Alckmin garantiu o apoio de grupo de nove partidos, o que o tirou do isolamento e vitaminou sua campanha pela presidência

Geraldo Alckmin: ele comandou o maior estado do Brasil, São Paulo, por quatro vezes (Paulo Whitaker/Reuters)

Geraldo Alckmin: ele comandou o maior estado do Brasil, São Paulo, por quatro vezes (Paulo Whitaker/Reuters)

Valéria Bretas

Valéria Bretas

Publicado em 30 de julho de 2018 às 11h29.

Nos últimos dias, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, garantiu o apoio de grupo de nove partidos, o que o tirou do isolamento e vitaminou sua campanha. A questão agora é saber se a aliança com o chamado centrão se traduzirá em mais votos.

A adesão dessas legendas, algumas cobiçadas por Jair Bolsonaro (PSL), Ciro Gomes (PDT) e pelo PT, garantiu um potencial ao tucano que vai além de financiamento e tempo de TV: o suporte de um exército de prefeitos e vereadores, políticos que pela natureza do cargo estão mais próximos do eleitor na hora de pedir votos.

Em contrapartida, a dificuldade de Bolsonaro e Marina Silva (Rede) em fechar alianças os leva para o isolamento, já que seus partidos são considerados nanicos.

O PSDB de Alckmin é o segundo maior partido do Brasil em número de prefeitos e vereadores, perdendo apenas para o MDB. Com a soma de nove aliados já conquistados, PSD, PP, PR, DEM, PTB, PPS, PRB, PV e SD, o tucano ganhou potencial apoio de 54,6% dos prefeitos do país e de 51,8% dos vereadores. Esses percentuais não representam pouca coisa. O Brasil tem 5.570 cidades com 57.491 vereadores.

"Quem está sempre com o eleitor, quem faz a ponta é o vereador e o prefeito, que o eleitor conhece e é a conexão entre a realidade do dia a dia e a política,” disse o analista político independente André Pereira Cesar. “Apoio na última campanha presidencial mostra que esses políticos viram votos, e por isso o passe desses partidos estava sendo valorizado.”

Marina, que varia de segunda a terceira colocada nas pesquisas, conta com o apoio de apenas sete prefeitos e 180 vereadores, enquanto Bolsonaro, primeiro colocado em todos os cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tem 30 prefeitos e 883 vereadores em seu exército eleitoral.

O ex-ministro Henrique Meirelles (MDB), que também não tem aliados, se beneficia do fato de seu partido ser o maior do país: contabiliza 1.038 prefeitos e 7.571 vereadores.

Ciro e PT ainda têm chance de ampliar seus apoiadores a depender do PSB e do PCdoB. Sozinho, o pedetista tem 334 prefeitos e 3.765 vereadores. Se o PSB apoiá-lo, seus potenciais aliados praticamente dobram: 747 prefeitos e 7.502 vereadores. O PCdoB, que tem a pré-candidata Manuela D’Ávila no páreo mas mantém conversas com o PT, também daria ao candidato que apoiar um suporte de mais 80 prefeitos e 1.003 vereadores.

Nas últimas cinco eleições presidenciais, de 1998 a 2014, foram para o segundo turno os candidatos com maior número de partidos em suas coligações. A maior aliança foi a organizada por Lula para a primeira eleição de Dilma Rousseff em 2010, com o suporte de dez partidos

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