Caminhoneiros param pela tabela do frete, mas em protesto menor
Paralisação da categoria tinha meta de pressionar STF a declarar tabela do frete constitucional. Julgamento foi adiado, mas manifestação foi mantida
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 05h51.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2020 às 11h55.
São Paulo — A má notícia: a quarta-feira, 19, será de paralisação dos caminhoneiros no Brasil. A boa notícia: desta vez, sem os bloqueios que pararam o país em maio de 2018.
A orientação do presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Walace Landim, é que entre às 6 horas e às 18 horas os motoristas simplesmente não levem os caminhões para as estradas e aproveitem o dia para fazer manutenção. “Não é fechar rodovia igual 2018".
"A gente quer mostrar para o STF [Supremo Tribunal Federal] e para o governo que está unido”, diz Wallace, conhecido como “Chorão”, a EXAME.
“Não aceitamos retrocesso. Não carregue seu caminhão amanhã a partir das 6h, fique em casa, vamos fazer manutenção”, disse no vídeo. Além da Abrava, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) também convocou protestos.
Os atos dos caminhoneiros começaram na segunda-feira, 17, quando parte da categoria realizou uma paralisação de 24 horas no Porto de Santos, litoral paulista.
A ideia original era mostrar força nos dias antes do julgamento da tabela do frete no STF, originalmente marcada para esta quarta-feira. A votação foi suspensa a pedido da Advocacia Geral da União (AGU), mas as manifestações foram mantidas.
O pedido de suspensão feito pela AGU, que atua em nome do governo, foi aceito pelo ministro Luiz Fux, do STF. O movimento ocorreu diante do receio de uma derrota no plenário do Supremo, que poderia enfurecer caminhoneiros e eventualmente gerar novos protestos — os caminhoneiros apoiaram a eleição do presidente Jair Bolsonaro .
O tabelamento do frete tem origem na greve de 2018, quando os caminhoneiros exigiram a definição de preços mínimos para o transporte rodoviário de cargas e foram atendidos pelo encurralado governo Temer.
Mas a solução gerou polêmica desde o início. Várias associações alegaram que o controle de preços feria a livre iniciativa e aumentava custos e levaram a questão para a Justiça.
Assim, estão em pauta no STF três ações diretas de inconstitucionalidade, abertas pela Confederação Nacional da Indústria, a Confederação da Agricultura e Pecuária e a Associação do Transporte Rodoviário de Carga do Brasil.
A próxima reunião de conciliação no STF sobre a tabela do frete ficou para 10 de março, mas o julgamento não tem data. Pelo jeito, o fantasma da greve dos caminhoneiros ainda seguirá assombrando o país por um bom tempo.