Caminhoneiros bloqueiam a Marginal Tietê: "Dilma tem que sair, queremos o 'impeachment'. Enquanto não sair, ficamos aqui parados", disse caminhoneiro (Miguel Schincariol/AFP)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2015 às 19h50.
- João Monlevade - Caminhoneiros interromperam trechos de rodovias nesta segunda-feira em uma dezena de estados brasileiros, exigindo a redução do preço do diesel e a alta dos fretes, mas sobretudo a saída da presidente Dilma Rousseff.
Trezentos caminhões carregados com madeira e alimentos estão parados em uma estrada de Minas Gerais, no município de João Monlevade, constataram jornalistas da AFP no local.
"Dilma tem que sair, queremos o 'impeachment'. Enquanto não sair, ficamos aqui parados", disse André Vilar Gonçalves, 33 anos, caminhoneiro há dez.
"Em janeiro, ela prometeu que não ia aumentar o combustível em seis meses. Cumpriu [a promessa], mas depois aumentou três vezes. Diz que o Brasil não depende do transporte de caminhões, vai ver o prejuízo. Em quatro dias, vai começar a faltar combustível nos postos e aí não vão parar só os caminhões, os carros também", desafiou.
A mobilização foi coordenada pelo Comando Nacional do Transporte (CNT) que, através das redes sociais, convocou a paralisação de estradas "pelo sonho de um país melhor, sem corrupção", onde "os governantes respeitem a vontade do povo". O CNT se nega a negociar com o governo.
O movimento assegura que o governo Dilma "não tem mais legitimidade", em um momento em que o país atravessa uma severa crise política e uma recessão econômica desatada em parte por um gigantesco escândalo de corrupção na Petrobras.
"Seu partido provocou a destruição do Brasil", acrescentou o CNT, que diz ser autônomo e não fazer parte de sindicatos, em alusão ao PT, o partido da presidente.
Segundo a conta no Twitter da Polícia Rodoviária Federal, pelo menos 10 estados apresentavam estradas bloqueadas no começo da tarde ou que foram paralisadas, mas já tinham sido liberadas. A maioria correspondia a estados do sul e do sudeste, como São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.
Também foram registrados piquetes na Bahia (nordeste) e Mato Grosso (centro-oeste), uma região de forte indústria extrativista, agrícola e pecuarista.
Em São Paulo, os caminhoneiros bloquearam partes da Marginal Tietê, uma via de acesso crucial para a capital.
A Confederação Nacional dos Transportes Autônomos, assim como a União Nacional de Caminhoneiros se pronunciaram contra a mobilização.
O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse, por sua vez, que a greve "infelizmente se caracterizou por uma aspiração de desgastar politicamente o governo".