Brasil

Caminhoneiro desdenha de vale mensal de 400 reais; vem aí nova greve?

Proposta do governo não repercute junto à categoria, que segue em reuniões para definir se haverá protestos pelo país; decisão deverá ser anunciada até final da semana

Greve de caminhoneiros de 2018: categoria pode parar novamente? (NELSON ALMEIDA/AFP via Getty Images/Getty Images)

Greve de caminhoneiros de 2018: categoria pode parar novamente? (NELSON ALMEIDA/AFP via Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 22 de junho de 2022 às 11h12.

Última atualização em 22 de junho de 2022 às 11h16.

A proposta de criar um auxílio mensal de 400 reais para os caminhoneiros vem sendo criticada pela categoria. Discutida desde 2019, a ideia voltou à baila no início desta semana, após reuniões entre o governo e líderes do Congresso, e pode ser votada na semana que vem. Representantes dos caminhoneiros, no entanto, dizem que a iniciativa não deverá aplacar os impactos dos aumentos de preço do diesel e da gasolina.

“Esse auxílio não vai servir de refresco”, diz José Roberto Stringasci, presidente da Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB), que ajudou a organizar a greve de 2018. “O caminhoneiro gasta hoje facilmente 2 mil reais com óleo diesel por viagem, então 400 reais por mês não fazem muita diferença”. A categoria vem mantendo conversas com trabalhadores de outros setores para estudar formas de protesto contra os reajustes no preço de combustíveis e a paridade de preços praticada pela Petrobras. Eventuais manifestações deverão ser divulgadas até o final da semana.

Nos últimos 12 meses, a alta do diesel chegou a 52,6%. O último aumento, de 14,26%, ocorreu no dia 17 de junho. Na sequência, houve um reajuste no valor do frete de 5%, segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), que representa 15 mil empresas de transportes. A alta no custo do combustível e do transporte tem pressionado a inflação: nos últimos 12 meses, a alta de preços atingiu 10,58%, segundo a Fundação Getúlio Vargas.

É nesse cenário que tem acontecido encontros tanto de grupos de caminhoneiros como de líderes do governo e do Congresso. Com a inflação pressionando a economia – e em um ano de eleições – a intenção é criar desde vouchers para os transportadores até medidas capazes de aliviar o aumento do preço dos combustíveis. O vale para os caminhoneiros pode ser incluído na proposta de emenda à Constituição (PEC) relativa à compensação de quase 30 bilhões de reais concedida a Estados que concordem em zerar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviço (ICMS) do diesel, gás de cozinha e gás natural. A ideia é votar a PEC na próxima semana.

Suspensão de impostos

Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden pediu a suspensão da cobrança do imposto federal sobre a gasolina. A solicitação foi feita ao Congresso nesta quarta, dia 22.

“Biden está pedindo ao Congresso e aos estados que tomem medidas legislativas adicionais para fornecer alívio aos consumidores americanos que foram atingidos pela alta dos preços combustíveis causadas por Putin”, informou a Casa Branco em comunicado.

Desde o início da guerra na Ucrânia e das sanções à Rússia, o aumento internacional do preço do petróleo bateu a casa de 37%. A expectativa é que alcance 125 dólares nos próximos meses, com a alta da demanda na China, de acordo com a consultoria Kpler. Até o final do ano, deve estacionar na faixa de 115 ou 120 dólares.

LEIA MAIS:

 

 

 

Acompanhe tudo sobre:Auxílio emergencialCaminhoneirosGasolinaGrevesInflaçãoÓleo diesel

Mais de Brasil

Projeto sobre emendas será votado até terça na Câmara e nas próximas semanas no Senado, diz autor

Comissão da Câmara aprova projeto que pode proibir bebidas alcoólicas em estádios

Enem 2024: saiba quem pode pedir a reaplicação do exame