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Câmara renegocia folha de pagamento dos servidores

A Câmara está renegociando com o Banco do Brasil e com a Caixa a folha de pagamento dos 16 mil servidores da Casa


	Visão geral do plenário da Câmara dos Deputados: folha foi adquirida pelas duas instituições financeiras em 2008
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Visão geral do plenário da Câmara dos Deputados: folha foi adquirida pelas duas instituições financeiras em 2008 (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2015 às 21h51.

Brasília - A Câmara dos Deputados está renegociando com o Banco do Brasil e com a Caixa Econômica Federal a folha de pagamento dos 16 mil servidores da Casa, adquirida pelas duas instituições financeiras em 2008 por R$ 220 milhões.

Esse valor, atualizado, chega a mais de R$ 300 milhões, graças à inflação e ao rendimento da aplicação.

O valor negociado atualmente ainda é mantido em sigilo, mas, segundo o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o valor é "bem representativo" e "bem maior" que o de sete anos atrás.

"Não vamos perder a oportunidade de trazer esses recursos para a Câmara", disse Cunha, que participa diretamente da negociação com o Banco do Brasil. "Em economia ou em mercado, há sempre alguém querendo comprar, há sempre um chinelo velho para um pé cansado", afirmou o presidente.

As negociações ainda estão no início. Segundo a reportagem apurou, a composição do valor da última venda, com o valor da transação atual, mais uma contrapartida da iniciativa privada chega ao R$ 1 bilhão estimado para a construção do anexo 5, complexo de três prédios com gabinetes, um plenário novo e um shopping center.

O Estado apurou também que Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal têm interesse em manter a folha de pagamento dos 513 deputados, 3.349 servidores concursados, 1.573 cargos de natureza especial e 10.732 secretários parlamentares da Câmara.

Em fevereiro deste ano, a Mesa Diretora do Senado vendeu a folha de pagamento dos parlamentares e funcionários da Casa para BB e Caixa por R$ 100 milhões. Os dois bancos, que já administravam o pagamento desses salários, obtiveram o direito de gerenciar o serviço por mais cinco anos. O Senado ameaçou vender a folha de pagamento para os bancos privados, o que fez com que as instituições públicas aceitassem pagar mais do que tinham ofertado inicialmente.

Os bancos disputam as folhas de pagamentos de servidores públicos pela atratividade de ofertar crédito consignado a uma clientela de bons pagadores. Um deputado ganha, por mês, R$ 33,8 mil. Cada gabinete tem até R$ 78 mi mensais para os salários dos servidores. Para os concursados, a maior remuneração é de R$ 23 mil.

A Câmara aguarda ainda parecer do TCU (Tribunal de Contas da União) para saber se pode fazer automaticamente a renovação do contrato com o novo valor ou se será preciso realizar uma licitação.

Shopping

A ideia de Cunha é construir um shopping center próximo ao prédio do anexo 4 da Casa. O objetivo da construção é atrair a participação da iniciativa privada para financiar a obra do anexo 5, promessa de campanha do peemedebista quando disputou o comando da Câmara.

Segundo o deputado, o assunto ainda será debatido em reunião com a Mesa Diretora. Ele afirmou que é preciso esperar a publicação de uma proposta de manifestação de interesse - uma espécie de prévia do processo de participação da iniciativa privada - para avaliar a viabilidade do projeto. A ideia é que o complexo do anexo 5 tenha três prédios, um plenário novo e um shopping a serem construídos por meio de parceria público-privada. Cunha afirmou que sua intenção é não trazer mais despesas para a Câmara. "Ninguém vai fazer shopping com dinheiro público", declarou.

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