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Câmara deve salvar pele de Temer, mas não reforma da Previdência

Nas últimas duas semanas, segundo a consultoria Eurasia, probabilidade do presidente terminar seu mandato só em dezembro de 2018 subiu para 80%

Presidente Michel Temer (Paulo Whitaker/Reuters)

Presidente Michel Temer (Paulo Whitaker/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 16 de setembro de 2017 às 08h00.

Última atualização em 16 de setembro de 2017 às 08h20.

São Paulo – A votação da reforma da Previdência, que já tramita aos trancos na Câmara dos Deputados, deve atrasar ainda mais com a nova denúncia contra o presidente Michel Temer. A projeção mais otimista da consultoria Eurasia é de que o texto volte a ser apreciado pelos deputados só em novembro deste ano – o que estreita ainda mais a possibilidade de para a aprovação do texto.

“Mantemos a perspectiva de que é mais provável (55% de chances) que uma versão mais enxuta da reforma seja aprovada. Mas a janela para aprová-la antes do final do ano é muito pequena”, afirma o relatório divulgado no fim da tarde desta sexta-feira.

Novembro é a data limite estipulada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, para aprovação das mudanças nas regras da aposentadoria. “Ou aprova em outubro, novembro, ou não vai aprovar”, disse durante o EXAME Fórum 2017, que aconteceu em no início deste mês em São Paulo.

A perspectiva é compartilhada pela consultoria Eurasia, que afirma no relatório que, se isso não acontecer até lá, “qualquer mudança constitucional vai ter que esperar a próxima administração”.

Por outro lado, a expectativa da Eurasia é de que Temer sobreviva no cargo até a posse do novo presidente da República. Segundo a consultoria, as chances do peemedebista terminar seu mandato em dezembro de 2018 subiram de 70% para 80% nas últimas semanas.

E, ao que tudo indica, as mais de 200 páginas que justificam as novas acusações contra Temer não serão suficientes para mudar isso.

Os fatos denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, são graves. Segundo ele, Temer teria chefiado uma organização criminosa que recebeu cerca de 587 milhões de reais em propina.

Apesar disso, a denúncia não traz nenhuma nova prova irrefutável contra o presidente. Todos os fatos ali narrados já eram, em certa medida, conhecidos.

Para piorar, as suspeitas que envolvem a delação dos executivos do grupo J&F, cujo acordo foi rescindido na última quinta-feira, também pesam contra o avanço da denúncia. A expectativa é de que os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) concordem com a validade das provas apresentadas pelos ex-delatores na próxima quarta-feira (20) .

No entanto, diz a consultoria, a narrativa em torno desse episódio deve alimentar o discurso dos aliados de Temer de que tudo não passa de uma conspiração contra o presidente – até uma CPI sobre o caso já foi aberta no Congresso.

Temer também acaba beneficiado por uma espécie de efeito cascata. Como as chances de se manter no cargo são altas, poucos irão querer correr o risco de se posicionar contra ele sob a pena de perder eventuais benefícios no decorrer do próximo ano – que, a propósito, é eleitoral.

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