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Câmara decide futuro de denúncia de Temer – o que está em jogo

Depois de intensivão de agrados do Planalto nos últimos dias, Câmara pode votar hoje a admissibilidade da denúncia contra Temer

Câmara dos Deputados volta a definir futuro de um mandato presidencial. Mas desfecho pode ser diferente hoje (Ueslei Marcelino/Reuters)

Câmara dos Deputados volta a definir futuro de um mandato presidencial. Mas desfecho pode ser diferente hoje (Ueslei Marcelino/Reuters)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 2 de agosto de 2017 às 06h30.

Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 09h30.

São Paulo – Um ano e quase quatro meses depois de aprovar a continuidade do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, a Câmara dos Deputados volta nesta quarta-feira, 2 de agosto, a decidir sobre o futuro de um mandato presidencial.

Mas a votação da admissibilidade da denúncia por corrupção passiva feita pela Procuradoria-Geral da República contra Michel Temer promete um desfecho diferente daquele 17 de abril de 2016. (Leia: O que pesa contra Temer, o 1º presidente na mira da PGR)

Até o início do recesso parlamentar, quatro partidos já tinham fechado apoio ao peemedebista. Se todos os membros dessas bancadas seguirem a orientação de suas lideranças, Temer já tem mais do que o necessário para barrar o avanço da denúncia. O Planalto, contudo, acredita que o apoio dos aliados pode chegar a até 250 votos.

Para o peemedebista, a margem de votos favoráveis a ele extrapola a garantia de que, pelo menos por ora, não corre o risco de virar réu no Supremo Tribunal Federal. Mais apoios do que o necessário podem sinalizar que o governo tem força suficiente continuar de pé até o final de 2018.

Os dias que antecederam a votação da denúncia foram marcados pela ofensiva do Planalto para agradar aliados e indecisos. Segundo dados do site Siga Brasil, só neste ano, o governo empenhou mais de 3 bilhões de reais em emendas para deputados federais, sendo que a maior parte desses recursos foi liberada depois da apresentação da denúncia pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Nesta terça, o presidente almoçou com ruralistas (que representam uma bancada de mais de 200 deputados), jantou com deputados do baixo clero e publicou uma medida provisória que alivia dívidas previdenciárias de produtores rurais -- em mais uma tentativa para angariar votos.

O ponto de atenção ainda recai sobre os indecisos, que segundo levantamento do jornal o Estado de S. Paulo, somam mais de 200 votos. A expectativa da consultoria Pulso Público é que esse grupo decida praticamente no último minuto e siga o bloco que estiver ganhando no momento.

Mas o primeiro desafio do presidente nesta quarta é garantir a presença de 342 deputados no plenário – esse é o quórum mínimo para que a votação da denúncia seja aberta. Até a noite de ontem, essa era a grande incógnita que pairava sobre a sessão marcada para começar às 9h.

A própria oposição ainda não chegou a um consenso sobre a estratégia para esta quarta. A ideia a bancada do Partidos dos Trabalhadores (PT) é postergar ao máximo a entrada no plenário de modo que a votação comece só no final do dia. Mas outras siglas que se opõem ao governo devem bater o martelo sobre a questão no início da tarde.

Entre os especialistas consultados por EXAME.com nos últimos dias,  é clara a percepção de que Temer (e o fisiologismo) sairão vitoriosos nessa quarta. A questão é se essa estratégia será suficiente para barrar eventuais novas denúncias contra o presidente.

- (Rodrigo Sanches)

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