Câmara de SP aprova em 1º turno incentivos para Itaquerão
Isenção fiscal para fazer estádio do Corinthians será de 420 milhões de reais
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2011 às 22h51.
São Paulo - A Câmara Municipal de São Paulo aprovou em primeiro turno na noite desta quarta feira o projeto de lei 288/2011 que concede incentivos fiscais no valor de 420 milhões de reais para a construção do estádio do Corinthians, em Itaquera, zona leste da capital paulista. A proposta ainda deve passar por audiência publica nesta quinta e retornar para votação definitiva no plenário na sexta. Dos 55 vereadores, 36 votaram a favor do projeto, 12 contra, 3 se abstiveram e 4 faltaram á sessão.
Quem se posicionou contra proposta argumenta que, por não haver garantia de que a abertura da Copa de 2014 será em São Paulo e por se tratar de um empreendimento privado, o uso de verba pública não se justifica. “Queremos que o Corinthians construa o estádio, mas com dinheiro privado, não público”, defendeu o líder do PR, Aurélio Miguel. “Um clube que paga 500.000 reais por mês para seus jogadores e tem orçamento anual de 200 milhões de reais não precisa de dinheiro do governo.”
Outro argumento contrário ao incentivo fiscal é que a verba arrecadada não necessariamente será destinada ao estádio nem trará benefícios para a região de Itaquera. Entre os vereadores contrários à concessão do incentivo estão Acelino Tatto (PT), Átila Russomano (PP), Claudio Fonseca (PPS) e Marco Aurélio Cunha (sem partido).
O que está em jogo – O projeto foi proposto à Câmara pelo prefeito Gilberto Kassab (sem partido). A intenção do poder público é ajudar na construção do estádio do Corinthians, a aposta da Prefeitura e da Federação Internacional de Futebol (Fifa) para sediar a abertura da Copa de 2014. Se aprovado o projeto de lei, a prefeitura abrirá mão de arrecadar 420 milhões de reais em impostos como IPTU e ISS. A beneficiada será a empreiteira contratada para tocar a obra, a Odebrecht.
A discussão dos vereadores a respeito da concessão do incentivo fiscal é se, de fato, o estádio sediará a abertura do Mundial. Eles temem que a Fifa vete o Itaquerão, como fez com o Morumbi, e a prefeitura deixe de arrecadar dinheiro à toa, para ajudar a construir o estádio de um clube privado com dinheiro público.
O projeto diz: “Fica o Poder Executivo autorizado a conceder incentivos fiscais para construção de estádio que venha a ser aprovado pela Fifa como apto a ser sede do jogo de abertura da Copa do Mundo de Futebol de 2014.” A maior controvérsia gira em torno da palavra “apto”. Alguns vereadores dizem que ela deixaria brecha para interpretações. Em tese, o estádio pode estar apto a receber a abertura, mas ser vetado pela vontade da Fifa.
“A Fifa joga seu jogo político. Escolhe o estádio na hora que quiser, com o parceiro que melhor recebê-la”, argumenta o vereador Marco Aurélio Cunha . “O projeto é arriscado. Estar apto é diferente de ser escolhido.”
O presidente da Câmara, Police Neto (sem partido), garante que a isenção de impostos está condicionada à escolha do estádio para a abertura do Mundial. “Se as lideranças de Minas Gerais forem mais competente que as de São Paulo a abertura pode ser lá. Se isso acontecer, o projeto de isenção caduca”, disse o vereador, em referência ao estádio mineiro que pode servir de opção ao Itaquerão.
Police Neto defende que a construção do estádio vai levar desenvolvimento econômico para a zonal leste da cidade. Segundo o presidente, um estudo da Câmara estima em 1 bilhão de reais a arrecadação de impostos para a cidade que sediar a abertura da Copa. “Se 420 milhões de reais pagam a construção do estádio, outros 580 milhões de reais vão para o município. Não me parece interessante abdicar de 580 milhões de reais.”