Michel Temer e o ex-ministro Marcelo Calero (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Talita Abrantes
Publicado em 27 de novembro de 2016 às 22h09.
Última atualização em 28 de novembro de 2016 às 07h05.
São Paulo - Em entrevista ao programa Fantástico da TV Globo, que foi ao ar neste domingo, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero admitiu que gravou uma conversa por telefone com o presidente da República, Michel Temer (PMDB). No entanto, segundo ele, o conteúdo da gravação é estritamente protocolar.
Calero, que deixou o governo há uma semana, está no centro da crise que derrubou o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, que pediu demissão na última sexta-feira (25).
O ex-ministro da Cultura afirma que Geddel o teria pressionado para que o Iphan, órgão subordinado à Cultura, aprovasse um projeto imobiliário de seu interesse e que o próprio presidente Michel Temer o teria "enquadrado" para solucionar o caso.
Na entrevista concedida à jornalista Renata Lo Prete, ele negou que tenha marcado uma audiência com Temer com o propósito de gravá-lo de maneira oculta. “Eu jamais entraria no gabinete presidencial, por ser diplomata, com uma ferramenta sorrateira dessa natureza”, afirmou.
Ele disse que, durante a conversa telefônica com o presidente, teve o cuidado para não entrar nesse assunto de forma a evitar que Temer criasse eventuais provas contra si.
Mas ele assegurou que, em uma conversa pessoal privada, o presidente sugeriu uma "chicana" para solucionar o imbróglio.
Calero confirmou que, como Temer, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, também teria tratado sobre o caso com ele em três ocasiões. "Altas autoridades da República perdiam seu tempo em favor de um tema paroquial, pessoal de um ministro", disse.
O que diz Temer
Em entrevista coletiva na tarde deste domingo, Temer afirmou que "um ministro gravar o presidente da República é gravíssimo, quase indigno”. Mais de uma vez, o presidente afirmou que deseja que venha à público a eventual gravação de sua conversa com Calero “para mostrar que não patrocinei nenhum interesse privado.”
O peemedebista reiterou que arbitrar conflitos é uma tarefa indispensável para o Presidente da República e foi isso que fez nas conversas com o ex-ministro da Cultura. Ele prometeu que pode começar a gravar todas as audiências públicas que tiver daqui para frente para impedir que episódios como esse se repitam.