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Café e manga não devem ser taxados por tarifa de Trump, dizem senadores brasileiros

O presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD), afirmou que a missão é conseguiu abrir canal de conversa com parlamentares republicanos e democratas e que a mensagem ‘chegou na Casa Branca’

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 30 de julho de 2025 às 12h17.

Última atualização em 30 de julho de 2025 às 13h26.

A comitiva de senadores brasileiros afirmou nesta quarta-feira, 30, que produtos não cultivados pelos Estados Unidos, como café e manga, não devem ser afetados pela tarifa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump.

"Conseguimos abertura [de diálogo sobre] setores que não serão taxados. Ouvimos dos senadores americanos que taxar o Brasil em produtos que eles não produzem é um gol contra", afirmou o senador Carlos Viana (Podemos-MG).

Na terça-feira, 29, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, já havia afirmado que produtos não produzidos internamente pelos EUA podem entrar no país com tarifa zero.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD-MT), afirmou que a missão conseguiu abrir canais de conversa com parlamentares republicanos e democratas, e que a mensagem "chegou na Casa Branca".

"Conseguimos distensionar as relações e mostramos a necessidade de se manter o canal aberto. Essa atitude [de impor tarifas] é perde-perde. Perde o Brasil e perde, os Estados Unidos", disse Trad.

Petróleo russo

Como mostrou a EXAME, a comitiva ouviu de senadores americanos que o Brasil precisa rever a relação com a Rússia. 

Um projeto de lei americano, com apoio de quase todo Senado dos Estados Unidos, propõe tarifas de até 500% sobre importações de países que compram petróleo, gás e urânio da Rússia.

No início do mês, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) indicou em comunicado que o Brasil, China e Índia podem enfrentar medidas punitivas caso mantenham os atuais níveis de comércio com a Rússia.

A senadora Tereza Cristina (PL-MS) afirmou que o assunto é sensível e que será levado ao governo brasileiro.

"Democratas e republicanos reclamaram e as empresas também. Eles argumentam que querem acabar com a guerra [entre Rússia e Ucrânia]", afirmou Cristina.

Carlos Viana afirmou que manterá o contato com parlamentares americanos para entender os desdobramentos e que o Brasil precisa trabalhar com antecedência para algo que poderá atingir o país com mais força.

"Temos de trabalhar com antecedência. A política externa brasileira enfrentará algo que poderá nos atingir com mais força em 90 dias. Se tornará uma realidade muito breve", disse Viana.

O líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que não tem como deixar de comprar da Rússia e reforçou que a relação é entre a empresas.

"Se não comprar o fertilizante da Rússia, vai impactar o agro", afirmou.

Em relação ao possível encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Trump, Wagner disse que, se depender do lado brasileiro, é só organizar o encontro.

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