José Carlos Bumlai: suposto uso do nome de Lula foi um dos motivos usados por Moro para justificar a prisão do empresário (Ueslei Marcelino/ Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2015 às 15h22.
Brasília - O juiz federal Sérgio Moro disse hoje (24) que há indícios de que o pecuarista José Carlos Bumlai, preso hoje na 21ª fase da Operação Lava Jato, usou o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para obter vantagens.
A declaração consta do despacho no qual Moro determinou a prisão do empresário, que é amigo do ex-presidente.
Na decisão, o juiz também afirmou que não há provas de que o ex-presidente tenha envolvimento nos fatos investigados pela Polícia Federal.
O suposto uso do nome de Lula foi um dos motivos usados por Moro para justificar a prisão do empresário.
“Não há nenhuma prova de que o ex-presidente da República estivesse de fato envolvido nesses ilícitos, mas o comportamento recorrente do investigado José Carlos Bumlai levanta o natural receio de que o mesmo nome seja de alguma maneira, mas indevidamente, invocado para obstruir ou para interferir na investigação ou na instrução. Fatos da espécie teriam o potencial de causar danos não só ao processo, mas também à reputação do ex-presidente, sendo necessária a preventiva para impedir ambos os riscos”, justificou Moro.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Bumlai usou contratos firmados com a Petrobras para quitar empréstimos com o Banco Schahin.
Segundo o procurador da República Diogo Mattos, depoimentos de investigados que assinaram acordos de delação premiada, o empréstimo se destinava ao Partido dos Trabalhadores (PT) e foi pago mediante a contratação da Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o PT informou que não iria se manifestar sobre a prisão do empresário e pecuarista José Carlos Bumlai.
O Instituto Lula disse que também não iria se pronunciar. A reportagem da Agência Brasil ligou no escritório do advogado do pecuarista, Arnaldo Malheiros Filho, mas ainda não teve retorno.
O advogado do ex-ministro José Dirceu, Roberto Podval, disse que ainda vai tomar conhecimento da operação.
O Banco Schahin foi vendido para o BMG em 2011, após o fato investigado pela PF. Dessa forma, o BMG informou, por meio de assessoria, que não irá se pronunciar sobre a operação.
A página do grupo Schahin na internet está em manutenção e a reportagem não conseguiu contato com representante do grupo.