Brasil

Bretas mantém a transferência de Cabral para presídio federal

O juiz disse que a determinação de remoção do ex-governador "não foi respaldada em questões pessoais, e sim em circunstâncias fáticas"

Cabral: nessa sexta, o STJ negou o pedido de habeas corpus da defesa contra a transferência (Marcelo Fonseca / FolhaPress/Folha de S.Paulo)

Cabral: nessa sexta, o STJ negou o pedido de habeas corpus da defesa contra a transferência (Marcelo Fonseca / FolhaPress/Folha de S.Paulo)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de outubro de 2017 às 19h29.

Rio - O juiz da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, não aceitou o pedido do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e manteve sua decisão de transferir o peemedebista para um presídio federal.

Bretas disse que a determinação de remoção do ex-governador "não foi respaldada em questões pessoais, e sim em circunstâncias fáticas".

O magistrado cita uma passagem em que Jesus Cristo ordena que se perdoe as ofensas "setenta vezes sete".

A transferência foi motivada após Cabral citar durante um depoimento que tinha a informação que a família do magistrado tinha uma loja de bijuterias no mercado popular do Saara, centro do Rio.

Também chegou a afirmar que Bretas estava encontrando nele uma "projeção pessoal", submetendo-o a um "calvário".

"No presente momento, não vislumbro modificação nas circunstâncias fáticas que ensejem a revisão da decisão proferida", afirmou o magistrado em seu despacho.

Bretas também citou princípios bíblicos na decisão.

"Não obstante as considerações anteriores, considerando que o peticionário externa pedidos de escusas, e para que não paire nenhuma dúvida sobre o ânimo deste magistrado quanto às demais observações, esclareço que adoto como princípio de conduta o Princípio Cristão enunciado no Livro de Mateus, capítulo 18 versículos 21 e 22, que rezam:

"21. Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? 22. Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete." (grifei)", afirmou.

No pedido de desculpas, assinado pelos advogados Rodrigo Roca e Luciano Saldanha, a defesa diz: "com as escusas por embaraços causados ao citado magistrado ou ao bom andamento dos trabalhos desse Juízo, pede-se a reconsideração da decisão".

Os advogados também afirmaram que, se Bretas reconsiderar a decisão, eles se comprometem "a envidar todos os seus esforços para que episódios lamentáveis como o sobredito, ainda que humanos, jamais tornem a acontecer nesse juízo ou em qualquer outro".

"As outras considerações do defendendo sobre eventual interesse do juiz em promover-se pessoalmente com as suas condenações - bem infelizes, aliás - é que parecem ter sido potencializadas no ato e distanciadas das circunstâncias de (...) ser a primeira vez que o acusado, condenado a mais de 70 anos de reclusão, foi interrogado", dizem os advogados, no pedido.

Nesta quinta-feira, 26, o Departamento Penitenciário do Ministério da Justiça anunciou que Cabral será transferido para a prisão federal de Campo Grande.

A data da remoção não foi informada por questões de segurança. Nesta sexta-feira, 27, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de habeas corpus da defesa contra a transferência.

Acompanhe tudo sobre:GovernadoresPolítica no BrasilPolíticos brasileirosRio de JaneiroSérgio Cabral

Mais de Brasil

Eleições 2024: Quando começa a campanha eleitoral?

Barroso defende conciliação sobre marco temporal: 'Melhor que conflito'

Após vetar anúncios políticos, Google vai privilegiar informações do TSE nas buscas sobre eleição

Tabata Amaral anuncia Lúcia França como vice na chapa pela prefeitura de SP

Mais na Exame