Marcelo Bretas: "Foi uma decisão unânime do Supremo. Só podemos prestigiar; eu particularmente aplaudo" (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 7 de maio de 2018 às 18h11.
Brasília - O juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos casos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, disse na segunda-feira, 7, que uma consequência natural da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de restringir o foro privilegiado para deputados federais e senadores é a classe política se mobilizar para estender esse entendimento às outras autoridades.
"Não vejo nenhum problema em não gozar de foro privilegiado. Eu abro mão sem nenhum problema", disse Bretas, ao participar em Brasília do Fórum Democracia Euro-Brasileiro, na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O juiz federal participou de um painel sobre o combate do Judiciário à corrupção.
Bretas relembrou que os 11 ministros do STF concordaram com a redução do alcance do foro privilegiado, em julgamento concluído na semana passada. "Foi uma decisão unânime do Supremo. Só podemos prestigiar; eu particularmente aplaudo", comentou Bretas. Indagado pela reportagem se a ofensiva do Congresso Nacional em reduzir o foro para outras autoridades seria uma retaliação, Bretas respondeu: "Não sei se seria retaliação; isso é um movimento. A vontade majoritária da população é contra o foro privilegiado."
Durante o painel, Bretas afirmou que "a saída do Brasil virá pela política". "Precisamos fazer boas escolhas. Há pessoas que não são bem-vindas no processo eleitoral", disse o juiz. O juiz federal também ressaltou que a Operação Lava Jato, como forma de atuação, não tem fim. "Hoje, a Justiça é transparente, a imprensa tem total acesso às audiências. Ninguém vai parar a Justiça", destacou.
"As pessoas conhecem os nomes dos ministros [do Supremo], acompanham os julgamentos. Nós somos servidores do povo, temos de dar satisfação, sermos transparentes, o que não se confunde com a autopromoção", pontuou.