Brasil

Brasil vive revolução da longevidade, diz especialista

Em 30 anos, serão mais de 64 milhões de idosos na sociedade brasileira. Como o Brasil pode se preparar para lidar com essa nova realidade?


	Idoso anda de bicicleta em parque: Em 30 anos, o Brasil vai ter 64 milhões de idosos
 (Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Publicas)

Idoso anda de bicicleta em parque: Em 30 anos, o Brasil vai ter 64 milhões de idosos (Marcos Santos/USP Imagens/Fotos Publicas)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2014 às 11h13.

São Paulo - Há três décadas, uma criança nascida no Brasil tinha chances de viver, em média, até os 62,5 anos. Hoje o número chega a 74,9 anos, segundo dados do IBGE que acabam de ser divulgados.

A tendência é que, até 2040, 30% da população brasileira seja composta por idosos. O problema é que o Brasil não está devidamente preparado para este novo perfil populacional. 

Esta é a percepção de Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil.  "Não era para eu estar aqui. Quando eu nasci, a expectativa de vida era de 43 anos. Hoje é de 76. São mais 33 anos de vida - e não de velhice", afirmou nesta segunda para uma plateia de executivos durante o Fórum Exame Info - O futuro da saúde. 

Segundo ele, o Brasil vive uma "Revolução da Longevidade". "É um processo súbito a partir do qual a sociedade não volta mais a ser o que era e é preciso que a gente se prepare para essa longevidade. Meu corpo tem que durar todos esses anos a mais do que era esperado", explica. 

De acordo com o especialista, 12% da população brasileira já é composta por pessoas com mais de 60 anos de idade - proporção que pode dobrar nas próximas décadas. "Em 30 anos, o Brasil vai ter 64 milhões de idosos. É uma população idosa do mesmo tamanho de toda a população brasileira em 1960", afirmou.

O problema é que o envelhecimento está acontecendo na contramão da  História. Nas nações desenvolvidas, por exemplo, a longevidade veio depois do enriquecimento do país. O resultado é que o custo de uma população formada por idosos pode sair mais caro para o Brasil do que foi para os países ricos - que já estavam preparados para o fenômeno. 

De acordo com Kalache, nem mesmo os profissionais de saúde estão preparados para este novo perfil populacional. "Estamos formando médicos para o século 20 e não para o século 21", afirmou.

Ele exemplifica que o conteúdo lecionado nas escolas de medicina tende a focar na saúde materna e infantil ou na saúde reprodutiva da mulher até a menopausa. No entanto, na prática, os jovens médicos provavelmente terão que lidar com pacientes que já passaram dessas fases. "O estudante aprende anatomia de um corpo de um jovem de 26 anos no seu apogeu e depois vai ter que encontrar o fígado de uma mulher obesa de 85 anos", disse Kalache.

Apesar da crítica contundente aos profissionais de saúde, Kalache afirma que a sociedade como um todo precisa entender e se preparar para a mudança que está acontecendo e para as oportunidades de negócio que surgem junto.

"Devemos caprichar para chegar aos 85 anos com os quatro capitais vitais: capital da saúde, capital financeiro, capital social (família e amigos) e capital intelectual", diz.

Acompanhe tudo sobre:eventos-exameEXAME FórumSaúdeSaúde no Brasil

Mais de Brasil

Brasil se aproxima de 5 mil mortes por dengue em 2024

Unimos uma frente ampla contra uma ameaça maior, diz Nunes ao oficializar candidatura em SP

Após ser preterido por Bolsonaro, Salles se filia ao partido Novo de olho em 2026

Governo Lula é aprovado por 35% e reprovado por 33%, aponta pesquisa Datafolha

Mais na Exame