Brasil prepara espetáculo durante votação do impeachment
No domingo, às 14 horas, o amargo drama político que praticamente paralisou o Brasil terá seu clímax
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2016 às 20h22.
No domingo, às 14 horas, o amargo drama político que praticamente paralisou o Brasil terá seu clímax.
O país está pronto. Barricadas foram erguidas na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional .
Um importante jogo de futebol foi reprogramado, os shoppings podem fechar. Enormes telões transmitirão a votação na Câmara dos Deputados que pode colocar a presidente Dilma Rousseff a um milímetro do impeachment .
A tensão é notável e adversários e apoiadores de Dilma a alimentam em busca de uma vantagem em uma decisão cujo resultado parece difícil de prever. Antes de a votação começar, haverá manifestações em grandes e pequenas cidades, com as forças pró-Dilma vestidas com o vermelho do Partido dos Trabalhadores e os ativistas pró-impeachment, com o verde-amarelo da bandeira.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, planeja dar ao confronto uma sensação de espetáculo desde o início, lendo em voz alta os nomes de todos os 513 integrantes da Câmara em uma chamada oral exibicionista.
“Ambos os lados não têm certeza na conta dos votos”, disse Paulo Calmon, professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília. Eles estão “tentando criar uma mentalidade de manada”.
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Ao realizar o evento em um domingo, quando as famílias brasileiras normalmente se reúnem em casa, em bares ou em restaurantes com os televisores ligados, Cunha garantiu a máxima exposição, mesmo para aqueles que tentam evitar a política.
Recessão paralisante
O mestre de cerimônias é Cunha, um integrante do PMDB que se virou contra Dilma no passado, pouco depois de o Ministério Público Federal revelar que ele estava sendo investigado por supostamente esconder dinheiro relacionado à corrupção em uma conta bancária suíça.
O presidente da Câmara é apenas um dos muitos políticos apanhados em uma longa blitz anticorrupção que colocou importantes executivos e políticos atrás das grades. E mais da metade dos membros da comissão parlamentar que recomendou a realização da votação do impeachment está sendo investigada por todo tipo de crime, desde supostas irregularidades no financiamento de campanha até infrações ambientais.
Quanto a Dilma, a atual acusação para o impeachment é o fato de ela ter usado manobras contábeis para ocultar um déficit orçamentário, o que, segundo ela, não é um crime que justifique o impeachment. A presidente negou qualquer irregularidade. Contudo, na visão de muitos brasileiros, ela é culpada por algo muito pior: comandar uma economia que entrou em uma recessão paralisante.
Um recurso legal de último minuto ao processo de impeachment foi negado na noite de quinta-feira. Após mais de seis horas de deliberações, o Supremo Tribunal Federal confirmou a programação da votação na Câmara.
O lado pró-impeachment precisa ter dois terços da Câmara a seu favor. Cunha disse que os deputados terão menos de um minuto cada para declarar suas posições em uma votação oral. Os jornais estão calculando para que lado os parlamentares irão com placares que pintam as fotos dos que são contrários ao impeachment de vermelho e as dos favoráveis de azul, deixando os indecisos em cinza. Segundo as projeções da maioria dos observadores, se a Câmara aprovar o impeachment, o Senado Federal seguirá o mesmo caminho.
Lula inflável
O gabinete de Dilma disse que ela provavelmente assistirá ao processo do Palácio da Alvorada. O vice-presidente Michel Temer, sucessor dela em caso de cassação, estará em São Paulo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e mentor da presidente, já está em Brasília.
Lula permanece em um hotel onde a imprensa local avistou um entusiasta do impeachment vestido como Pixuleco, uma caricatura do ex-líder com listras de prisioneiro, popular entre os manifestantes. Pixuleco, que primeiro apareceu na forma de balão inflável, tem uma conta no Twitter, uma das dezenas que travam uma batalha nas redes sociais na guerra por influência. Os fãs editaram o boneco em cenários famosos, sentado no banco ao lado de Forest Gump, observando o passeio dos Beatles na capa do álbum Abbey Road, na Lua com uma bandeira dos EUA. Tem havido mais atos pró-Dilma nas últimas semanas também, organizadas por sindicatos, grupos afiliados ao Partido dos Trabalhadores e celebridades, incluindo o cantor Chico Buarque, que ecoa a mensagem de Dilma que impeachment sem um crime é um golpe de estado.
No domingo, em Brasília, a polícia militar tentará manter os apoiadores do impeachment de um lado das barricadas e os apoiadores do governo do outro. Algumas pessoas lamentam a existência de um muro, outras temem que a cerca seja frágil demais, porque aqueles que irão a Brasília para o evento provavelmente sejam os mais fervorosos em relação ao resultado.
“Quando você tem grandes multidões e você tem ânimos muito acirrados”, disse Calmon, “é difícil saber o que vai acontecer”.
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O país está pronto. Barricadas foram erguidas na Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso Nacional .
Um importante jogo de futebol foi reprogramado, os shoppings podem fechar. Enormes telões transmitirão a votação na Câmara dos Deputados que pode colocar a presidente Dilma Rousseff a um milímetro do impeachment .
A tensão é notável e adversários e apoiadores de Dilma a alimentam em busca de uma vantagem em uma decisão cujo resultado parece difícil de prever. Antes de a votação começar, haverá manifestações em grandes e pequenas cidades, com as forças pró-Dilma vestidas com o vermelho do Partido dos Trabalhadores e os ativistas pró-impeachment, com o verde-amarelo da bandeira.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, planeja dar ao confronto uma sensação de espetáculo desde o início, lendo em voz alta os nomes de todos os 513 integrantes da Câmara em uma chamada oral exibicionista.
“Ambos os lados não têm certeza na conta dos votos”, disse Paulo Calmon, professor de Ciências Políticas da Universidade de Brasília. Eles estão “tentando criar uma mentalidade de manada”.
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Recessão paralisante
O mestre de cerimônias é Cunha, um integrante do PMDB que se virou contra Dilma no passado, pouco depois de o Ministério Público Federal revelar que ele estava sendo investigado por supostamente esconder dinheiro relacionado à corrupção em uma conta bancária suíça.
O presidente da Câmara é apenas um dos muitos políticos apanhados em uma longa blitz anticorrupção que colocou importantes executivos e políticos atrás das grades. E mais da metade dos membros da comissão parlamentar que recomendou a realização da votação do impeachment está sendo investigada por todo tipo de crime, desde supostas irregularidades no financiamento de campanha até infrações ambientais.
Quanto a Dilma, a atual acusação para o impeachment é o fato de ela ter usado manobras contábeis para ocultar um déficit orçamentário, o que, segundo ela, não é um crime que justifique o impeachment. A presidente negou qualquer irregularidade. Contudo, na visão de muitos brasileiros, ela é culpada por algo muito pior: comandar uma economia que entrou em uma recessão paralisante.
Um recurso legal de último minuto ao processo de impeachment foi negado na noite de quinta-feira. Após mais de seis horas de deliberações, o Supremo Tribunal Federal confirmou a programação da votação na Câmara.
O lado pró-impeachment precisa ter dois terços da Câmara a seu favor. Cunha disse que os deputados terão menos de um minuto cada para declarar suas posições em uma votação oral. Os jornais estão calculando para que lado os parlamentares irão com placares que pintam as fotos dos que são contrários ao impeachment de vermelho e as dos favoráveis de azul, deixando os indecisos em cinza. Segundo as projeções da maioria dos observadores, se a Câmara aprovar o impeachment, o Senado Federal seguirá o mesmo caminho.
Lula inflável
O gabinete de Dilma disse que ela provavelmente assistirá ao processo do Palácio da Alvorada. O vice-presidente Michel Temer, sucessor dela em caso de cassação, estará em São Paulo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e mentor da presidente, já está em Brasília.
Lula permanece em um hotel onde a imprensa local avistou um entusiasta do impeachment vestido como Pixuleco, uma caricatura do ex-líder com listras de prisioneiro, popular entre os manifestantes. Pixuleco, que primeiro apareceu na forma de balão inflável, tem uma conta no Twitter, uma das dezenas que travam uma batalha nas redes sociais na guerra por influência. Os fãs editaram o boneco em cenários famosos, sentado no banco ao lado de Forest Gump, observando o passeio dos Beatles na capa do álbum Abbey Road, na Lua com uma bandeira dos EUA. Tem havido mais atos pró-Dilma nas últimas semanas também, organizadas por sindicatos, grupos afiliados ao Partido dos Trabalhadores e celebridades, incluindo o cantor Chico Buarque, que ecoa a mensagem de Dilma que impeachment sem um crime é um golpe de estado.
No domingo, em Brasília, a polícia militar tentará manter os apoiadores do impeachment de um lado das barricadas e os apoiadores do governo do outro. Algumas pessoas lamentam a existência de um muro, outras temem que a cerca seja frágil demais, porque aqueles que irão a Brasília para o evento provavelmente sejam os mais fervorosos em relação ao resultado.
“Quando você tem grandes multidões e você tem ânimos muito acirrados”, disse Calmon, “é difícil saber o que vai acontecer”.
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