Aedes aegypi: “Precisamos de uma política constante não só hoje, mas de médio e longo prazo de combate ao mosquito” (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2016 às 14h05.
Especialistas convidados para debater o Aedes aegypit destacaram nesta quinta-feira (18) em audiência pública no Senado que o Brasil precisa investir mais em pesquisas e estimular parcerias entre universidades, instituições de pesquisa e empresas na batalha contra o mosquito transmissor da dengue, do vírus Zika e da febre chikungunya.
“Acredito que, para atacar algo que é novo ou desconhecido, é importante a pesquisa. Para fazê-la, gasta-se dinheiro, pois é caro. Não é barato. O Governo precisa conscientizar-se de que pesquisa científica tem de ser contínua. Não pode ter hoje e amanhã não ter. É necessário colocar dinheiro sempre. É necessário haver muita gente trabalhando. Muitas pesquisas são básicas”, ressaltou o biólogo e diretor do Decanato de Pós-graduação da Universidade de Brasília, Bergmann Morais Ribeiro durante a audiência, promovida pelas comissões de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) e Senado do Futuro (CSF).
Entre as armas disponíveis atualmente para combater o mosquito, os especialistas destacaram os bioinseticidas: mosquitos geneticamente modificados e bactérias que infectam insetos.
O presidente da Comissão Senado do Futuro atribuiu a multiplicação de casos de dengue ao relaxamento de medidas de contenção do mosquito nos últimos anos, além da falta de saneamento básico em muitas cidades.
“Precisamos de uma política constante não só hoje, mas de médio e longo prazo de combate ao mosquito”, disse o senador Wellington Fagundes (PR-MT).
Bioinseticidas
Durante a audiência, a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Rose Monnerat, apresentou o Inova-Bti, uma nova geração de bioinseticidas.
O produto, já testado pela Embrapa, é capaz de matar as larvas do mosquito sem prejuízo à saúde das pessoas e dos animais domésticos. Mas para ser produzido em larga escalada, ainda depende de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Esta não é a primeira vez que a Embrapa desenvolve um inseticida biológico para combater as larvas do mosquito.
Desde 2005 está no mercado o Bt-horus – feito em parceria com a Bthek Biotecnologia.
O produto foi utilizado pela primeira vez em 2007 em São Sebastião, no Distrito Federal, em uma campanha que envolveu o governo e população local no combate ao mosquito .
Os resultados, de acordo com a pesquisadora, foram excelentes. O índice de infestação na região, que era de 4% caiu para menos de 1%, considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
“A vantagem do produto é que é específico para matar a larva do mosquito. Ele tenta equilibrar uma praga que está desequilibrada, mas não é só o produto. É preciso trazer a população para perto. Fazer campanhas”, ressaltou.