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Brasil está perdendo a briga na educação, dizem especialistas; Haddad discorda

O ministro da Educação reconhece que a situação é preocupante, dá nota “regular”, mas diz que o quadro está melhorando

Maria Helena, Ioschpe, Odebrecht, Haddad e Ricardo Boechat (mediador) (Alexandre Battibugli/EXAME)

Maria Helena, Ioschpe, Odebrecht, Haddad e Ricardo Boechat (mediador) (Alexandre Battibugli/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2011 às 18h05.

São Paulo – O ministro Fernando Haddad reconheceu nesta sexta-feira que a situação da educação no Brasil é preocupante, mas ressaltou diversas vezes que o quadro está melhorando.

“Os especialistas – e todo mundo no Brasil é especialista em educação e em futebol – dizem que a situação (da educação) é preocupante. E é mesmo. Mas a evolução mostra que o Brasil está no caminho certo. Estamos discutindo hoje o ritmo das melhorias”, disse Haddad.

O ministro participou do EXAME Fórum, em São Paulo, ao lado do economista Gustavo Ioschpe, do empresário Marcelo Odebrecht e da integrante do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e da Academia Brasileira de Educação Maria Helena Guimarães de Castro.

“Em 2007, fixamos metas por escola até 2021. Para surpresa de muitos, as metas já começaram a ser cumpridas e superadas”, afirmou Haddad.

Os especialistas, embora reconheçam alguns avanços, discordaram da nota “regular” dada pelo ministro da Educação ao setor (veja as declarações dos participantes do debate na próxima página).

O ministro Fernando Haddad comemorou a melhoria no desempenho do Brasil em provas internacionais. “Em 2000, o Brasil participou pela primeira vez do Pisa e ficou em último lugar. De lá para cá, fomos o terceiro país que mais evoluiu. Chegamos ao patamar que o Chile tinha em 2000 e superamos a média da Argentina, que tem muito mais tradição na área de educação do que o Brasil.”


Segundo o governo, o Brasil investe atualmente 5,6% do PIB em educação. O ministro quer mais. “O investimento anual é de pouco mais de dois mil reais por aluno. Precisamos aumentar, é só comparar com o que os pais gastam nas escolas particulares. Se vale para os filhos da classe média, vale para os filhos da classe trabalhadora.”

Fernando Haddad também falou sobre a falta de trabalhadores qualificados no Brasil: “O cenário de apagão de mão de obra seria dramático se não tivéssemos investido em cursos técnicos e universidades. Tudo isso num período em que foram fechadas muitas instituições de baixa qualidade."

"Dobramos a matrícula e triplicamos o número de diplomas universitários, ou seja, aumentamos a eficiência. Chegaremos a quase um milhão de diplomas nesse ano”, concluiu Haddad.

Veja as principais declarações dos participantes durante o debate sobre educação

Gustavo Ioschpe, economista e colunista da revista Veja

“Apesar do progresso, o Brasil continua num patamar muito baixo, sempre atrás dos seus concorrentes diretos e, inclusive, de países mais pobres. O filme por enquanto é de terror.”

“Não há relação direta entre o volume de investimentos e a qualidade do ensino. O Brasil é um exemplo disso. Se aumentar de 5% para 7% do PIB o investimento em educação, não há garantias de que os problemas serão resolvidos.”

“A meta do Brasil para 2021 é ter o desempenho dos países desenvolvidos em 2006. Falta ambição.”

Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht

"Ainda estamos num nível muito aquém do que queremos. O Brasil está perdendo uma competição contra ele mesmo."

“O meio acadêmico está à parte do mercado de trabalho. Tem muito aluno na área de humanas, mas estamos precisando de engenheiros.”

“Tem muita empresa que ainda não faz nada em educação, embora não seja função do empresário, e sim do governo.”

Maria Helena Guimarães de Castro, integrante do Conselho Estadual de Educação de São Paulo

“Temos um problema gravíssimo no ensino médio, que está estagnado desde 2003. A prova do Enem é uma concha de retalho, é um desastre.”

“Os alunos ficam pouco tempo dentro da escola e os professores não são bem treinados.”

“O governo federal tem aberto universidade onde não tem aluno. A taxa de evasão no ensino superior é de 40%, uma das maiores do mundo.

"Tem que aumentar a jornada escolar diária para cinco horas e não esticar o calendário.”

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