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Brasil cria 147 mil vagas de emprego em agosto, mas desaceleração preocupa

Caged revela criação de 1,5 milhão de empregos em 2025, mas queda de 13,8% em relação a 2024

Agência o Globo
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Publicado em 30 de setembro de 2025 às 09h53.

A economia brasileira gerou em agosto 147.358 vagas de emprego com carteira assinada, resultado de 2,24 milhões de contratações contra 2,09 milhões de demissões, informou ontem o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

O saldo subiu em relação às 134.251 vagas de julho, mas o resultado é o mais baixo para o mês desde 2020 e representa queda de 38,3% em relação a agosto do ano passado, quando foram criados 239 mil empregos formais. A desaceleração foi mais intensa que a mediana prevista pelo mercado (184 mil, segundo o Valor Data).
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse que o resultado mostra que o mercado de trabalho formal “cresce menos, mas continua crescendo”. Na avaliação de Marinho, é possível que as tarifas impostas pelo governo americano ao Brasil tenham tido “um pequeno impacto” na geração de emprego no Sul do país. Mas, para o ministro, “o impacto maior é dos juros”.

Mercado de trabalho resiliente

Os números divulgados ontem fazem parte do Novo Cadastro Geral da Empregados e Desempregados (Caged), sistema do governo que acompanha as admissões e demissões de trabalhadores com carteira assinada, um dos principais termômetros do emprego no Brasil.

A comparação dos números com anos anteriores a 2020, segundo analistas, não é adequada porque a metodologia da pesquisa sofreu mudanças.

Por que o quadro no emprego está mudando?

Segundo análise da Genial Investimentos, o resultado “corrobora a perspectiva de que o mercado de trabalho seguirá resiliente ao longo dos próximos meses, mesmo diante de um cenário macroeconômico mais adverso (...), sugerindo que o processo de desaceleração da economia brasileira deve ocorrer de maneira bastante gradual”.

Para Rodolfo Margato, economista da XP, a sondagem do o Caged “corrobora o cenário de mercado de trabalho apertado”:

"Em nossa visão, a taxa de desemprego permanecerá abaixo do seu nível neutro, que estimamos entre 7% e 7,5%, por um período bastante prolongado".

O setor de serviços foi o maior gerador de postos de trabalho com carteira assinada em agosto, com saldo de 81.002 novas vagas. O comércio gerou 32.612 vagas formais, a indústria teve saldo positivo de 32.612, e a Construção criou 17.328 postos formais.

Agropecuária na contramão

Na contramão, a agropecuária registrou saldo negativo, com 2.665 demissões. A analista de Macroeconomia da InvestSmart, Sara Paixão, comenta o resultado negativo do agro:

"O impacto nos empregos da agropecuária pode estar relacionado ao fim da supersafra, que ocorreu no início do ano. Um outro fator que tende a impactar o emprego na agropecuária são as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos importados do Brasil", afirmou.

Sara avalia que uma acomodação do mercado de trabalho é natural no segundo semestre, diante da taxa básica de juros mantida em 15% ao ano pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).

"O Caged já apresenta o segundo mês consecutivo de surpresa negativa, o que reforça as expectativas de que o BC deve iniciar o corte de juros durante o primeiro trimestre de 2026", disse.

Saldo no ano diminui

De acordo com os dados totais Caged, no acumulado de janeiro a agosto o saldo é de criação de 1.501.903 empregos com carteira, 13,8% menor na comparação com o mesmo período de 2024, quando foram abertas 1,74 milhão de vagas formais.

Apesar da desaceleração, o Brasil contava 48,68 milhões de empregados com carteira assinada no fim de agosto, um aumento na comparação com julho deste ano (48,55 milhões) e com relação a agosto de 2024 (47,35 milhões).

Em relação ao salário médio de admissão, houve alta de 0,56% em relação a julho e variação real anual de 0,86%, passando de R$ 2.275,42 em agosto de 2024 para R$ 2.295 este ano.

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