Guilherme Boulos: "No nosso projeto, não cabe aliança com golpistas" (Guilherme Boulos/Facebook/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 2 de julho de 2018 às 20h39.
Salvador - Em participação no desfile cívico que comemorou a Independência da Bahia nesta segunda-feira, 2, o pré-candidato do PSOL à Presidência da República nas eleições 2018, Guilherme Boulos, rebateu o filósofo Mangabeira Unger, um dos principais conselheiros do presidenciável do PDT Ciro Gomes, e afirmou que "o DEM é um partido de direita sem a menor dúvida".
A declaração do presidenciável aconteceu dois dias após Unger, num aceno ao DEM, afirmar ao jornal O Estado de S. Paulo que não enxerga o partido como de direita. "Primeiro, eu acho que o DEM é um partido de direita. Não tenho a menor dúvida em relação a isso. No nosso projeto, não cabe aliança com golpistas", disse.
Durante a caminhada no centro histórico de Salvador, Boulos defendeu mais uma vez a união dos partidos de centro-esquerda nas eleições 2018, mas afirmou que "é preciso ver onde cada um estava no verão passado" e criticou quem defende unidade "apenas às vésperas da eleição".
"Nós respeitamos todas as candidaturas que estão colocadas no campo de esquerda e no campo de centro-esquerda. Temos clareza da importância que é ter unidade contra o golpe e em defesa da democracia no Brasil. Nós estamos construindo essa unidade há anos no Brasil. Só me parece curioso gente vir falar de unidade apenas às vésperas de eleição. É preciso ver onde cada um estava no verão passado. Nós estávamos enfrentando Temer, enfrentando o golpe, defendendo a democracia e o direito de Lula ser candidato e estar livre", disse Boulos.
Após o desfile, o pré-candidato ao Palácio do Planalto assistiu ao jogo da seleção brasileira contra o México na Copa do Mundo ao lado de militantes do PSOL em uma praça do Pelourinho. O evento, que teve feijoada no cardápio, também marcou o lançamento das pré-candidaturas do partido à eleição majoritária da Bahia.
Ciro Gomes, presidenciável do PDT, também participou do desfile cívico na capital baiana. Com uma bota ortopédica por causa de um machucado no pé, Ciro fez uma aparição relâmpago, marcada por acenos de políticos locais de lados opostos. No largo da Lapinha, ponto de saída da caminhada simbólica, o pré-candidato ao Palácio do Planalto se encontrou rapidamente com o governador da Bahia, Rui Costa (PT), pré-candidato à reeleição, e com o prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, além do presidente do PDT baiano, o deputado federal Félix Mendonça Jr. Ciro Gomes recebeu um aceno do pré-candidato do DEM ao governo da Bahia, José Ronaldo, que disse já ter votado no ex-ministro.
Ele afirmou que "se olharmos para trás, é uma contradição inexplicável" a indefinição da pré-candidatura dele entre direita e esquerda, mas disse que agora "o Brasil precisa olhar para frente". O presidenciável do PDT também afirmou que"eventuais entendimentos devem ser feitos à luz do olhar do povo e ao redor de compromissos que basicamente foquem em torno do que o povo brasileira precisa".
Reclamando de dores no pé, segundo assessores, o ex-ministro deixou o desfile, que serve de termômetro de popularidade de políticos na Bahia sobretudo em anos de eleição. Também presente no evento, o ex-governador Jaques Wagner (PT), pré-candidato ao Senado, cobrou em tom descontraído um encontro entre eles, com a presença do governador Rui Costa. À reportagem, Wagner afirmou que não havia encontro programado com Ciro, "embora tivesse interesse". Segundo o ex-governador, tratativas para viabilizar uma reunião com o presidenciável chegaram a ser iniciadas, mas não avançaram.