Publicado em 2 de abril de 2024 às 16h32.
Última atualização em 2 de abril de 2024 às 17h08.
O deputado federal e pré-candidato à prefeitura da cidade de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), afirmou nesta terça-feira, 2, que pretende revogar o trecho da reforma previdenciária do municipio, o Sampaprev, que prevê a contribuição de 14% do salário do aposentado ao Iprem (Instituto da Previdência Municipal de São Paulo).
"O ponto que acho perverso, e sendo eleito prefeito vou rever, é o confisco de 14% das aposentadorias", disse o deputado em entrevista ao programa Eleições 2024 da EXAME.
A reforma aprovada em 2021 acabou com a isenção de aposentados e pensionistas que ganhavam benefícios acima do salário mínimo, e os beneficiários passaram a contribuir com a alíquota de 14%. O fim da isenção foi criticada pelo servidores na época em que a proposta foi aprovada. Antes, o desconto somente acontecia para quem recebia acima de R$ 6.433,57.
Segundo cálculo da equipe do pré-candidato, o impacto fiscal da revogação da contribuição para beneficiários seria de R$ 728 milhões por ano. A proposta é manter a contribuição para beneficiários que recebem acima do teto.
"Não coloca nenhuma bomba fiscal. Sabe sobre o que estamos falando? De pessoas que contribuíram a vida toda para a aposentadoria, um professor, uma merendeira, um auxiliar de enfermagem. Que a vida toda pagaram a aposentadoria, e que a agora que vão receber aquilo que pagaram, que é um direito e não um presente, a prefeitura decide reter 14%", afirmou.
Questionado sobre como a reforma foi benéfica para as contas municipais, o pré-candidato disse que o que estabilizou as contas de São Paulo foi a renegociação da dívida junto a União e o aumento da arrecadação do ISS.
"Não foi o Sampaprev que estabilizou as contas de São Paulo. O que estabilizou as contas da cidade foi a renegociação da dívida junto a União durante a gestão Haddad, que reduziu a dívida de R$ 72 bilhões para R$ 27 bilhões. Além do crescimento contínuo, de 2015 pra cá, de arrecadação do ISS, seja pelo boom imobiliário ou pelo aumento dos serviços financeiros e tecnológicos na cidade. A arrecadação de ISS fez a gente chegar em um orçamento recorde, e a redução da dívida abriu espaço para investimentos na cidade", explicou.
Ao falar sobre problemas nas contas públicas, Boulos criticou as obras emergenciais realizadas na cidade pela gestão Ricardo Nunes. "Só no fim do ano passado, nos últimos três meses, ele queimou R$ 6 bilhões de caixa. São Paulo teve déficit mesmo com orçamento recorde. Isso é muito mais bomba fiscal do que mexer no Sampaprev ou nos 14% sobre as aposentadorias.
Boulos, 41, é formado em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Ele entrou na militância política aos 15 anos, ao participar da União da Juventude Comunista (UJC). Ingressou no Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em 2002 e depois se tornou uma liderança do grupo.