Bolsonaro promete recriar Ministério da Indústria extinguido por Guedes
O presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu recriar ainda este ano o Ministério da Indústria e Comércio Exterior extinto pelo Ministério da Economia no começo do governo
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de maio de 2022 às 08h33.
Última atualização em 28 de maio de 2022 às 08h34.
Na busca do apoio dos empresários descontentes com a política industrial e com a redução das tarifas de importação, o presidente Jair Bolsonaro (PL) prometeu recriar ainda este ano o Ministério da Indústria e Comércio Exterior, extinto e anexado ao superministério da Economia no início do governo.
Rival de Bolsonaro na corrida presidencial deste ano e liderando as pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também já deu sinais de que, se eleito, pode desmembrar o Ministério da Economia e repetir o que fez no seu primeiro mandato, em 2003, quando nomeou um empresário para o comando de um novo ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O empresário Luiz Fernando Furlan foi o primeiro ministro da pasta e tinha uma relação próxima com Lula para levar diretamente ao presidente as demandas do setor.
Os empresários que pediram ao presidente a recriação do ministério reclamam agora que não há essa interlocução direta e que a pasta de Guedes é muito grande, o que na avaliação deles acaba deixando os assuntos da indústria e comércio exterior em segundo plano.
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"O presidente Bolsonaro foi sensível à nossa demanda. Depois da pandemia e da guerra na Ucrânia, há uma necessidade de fortalecer a indústria", disse ao Estadão o presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais, Flávio Roscoe.
"Na hora que concentra muita coisa no ministério, que já é grande, a indústria acaba virando um apêndice", disse ele, ressaltando que não é uma insatisfação especificamente com Guedes, mas ponderou que no seu ministério há uma visão financista de um conjunto de economistas liberais que "às vezes não fazem uma relação de custo e benefício de toda a sociedade".
Para o empresário, o Brasil não pode estabelecer uma política industrial sem ter um ministério da indústria e do comércio exterior. Ele disse que vê com preocupação as últimas medidas tomadas pelo governo, como a redução de alíquotas de importação, o que favorece a competição de produtos estrangeiros.
Centrão
Em evento da Fiemg em Minas, segundo maior colégio eleitoral, com a presença de boa parte da bancada mineira, Bolsonaro se comprometeu a recriar a pasta ainda este ano. Por trás dessa pressão, há também a cobiça das lideranças do Centrão em abocanhar o comando de mais ministérios e as eleições deste ano.
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Como mostrou o Estadão, a formalização da aliança de Lula com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que vai concorrer ao governo do Estado, acendeu o sinal amarelo no Palácio do Planalto.
Desde o início do governo, Guedes foi alvo de fogo amigo de aliados do presidente de olho em nacos do seu superministério, que chegou a ter cinco áreas: Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio Exterior, Previdência e Trabalho. As duas últimas já foram desmembradas.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressista-AL), é um dos patrocinadores da mudança. Presente também no evento organizado pelo Fiemg, Lira disse que com a promessa o presidente marcou um gesto firme. "Só precisamos de mais quatro anos", disse o presidente da Câmara.