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Bolsonaro quer o Nordeste. Mas tem que combinar com os seus eleitores

Mensagens xenofóbicas inundam as redes sociais com críticas aos estados nordestinos, que ajudaram Haddad a chegar ao segundo turno

Jair Bolsonaro (PSL) não conseguiu tirar do Nordeste o status de reduto do PT (Diego Vara/Reuters)

Jair Bolsonaro (PSL) não conseguiu tirar do Nordeste o status de reduto do PT (Diego Vara/Reuters)

AJ

André Jankavski

Publicado em 7 de outubro de 2018 às 23h45.

Última atualização em 8 de outubro de 2018 às 00h48.

São Paulo – Em seu discurso após a definição de um segundo turno, o candidato Jair Bolsonaro (PSL) pregou a união do povo. Especialmente entre sulistas e nordestinos. Faltou, no entanto, combinar com alguns de seus apoiadores. Em grupos de WhatsApp e do Facebook, além de postagens em outras redes sociais como Twitter, apoiadores do capitão reformado criticam o Nordeste com mensagens xenófobas.

Parte das postagens acusam os nordestinos de serem dependentes de bolsa família. Além disso, estão sendo criticados por irem aos estados do Sul e Sudeste em busca de emprego, após votarem no PT. Mensagens separatistas também são recorrentes. Em grupos de Facebook, eleitores mais comedidos tentam fazer o movimento contrário para mostrar união. As mensagens raivosas, contudo, continuam aparecendo.

No Twitter, por exemplo, o Nordeste alcançou o status de segundo assunto mais comentado na noite do dia 7. Muitas postagens são de opositores de Bolsonaro, pedindo respeito aos nordestinos.

O Nordeste é conhecido por ser um reduto histórico do PT. As ofensas à região também costumam fazer parte dos pleitos. Em 2014, por exemplo, a então candidata Dilma Rousseff recebeu quase 72% dos votos no segundo turno, ante 28% conquistados por Aécio Neves (PSDB). Na época, diversos moradores das regiões Sul e Sudeste começaram a bombardear os moradores do Norte e do Nordeste por conta dos votos em Dilma.

Em 2018, o desempenho de Haddad foi positivo, mas aquém das votações anteriores do PT. O petista venceu em todos os Estados, com exceção do Ceará, em que ficou atrás de Ciro Gomes (PDT). Os maiores percentuais foram conquistados no Piauí (63%), no Maranhão (61%) e na Bahia (63%). Nos estados restantes, porém, chegou a no máximo 50% do total de votos.

Apesar da derrota, o candidato do PSL conseguiu expressivos percentuais no primeiro turno. Ele obteve mais de 30% em quatro estados: Rio Grande do Norte (30%), Paraíba (31%), Pernambuco (30%) e Alagoas (34%), onde conseguiu o seu melhor percentual. Se quiser melhorar esses números na região no segundo turno, Bolsonaro precisará combinar melhor com os seus eleitores – que precisam respeitar mais o Nordeste.

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