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Bolsonaro promete "surpresa" na escolha de novo ministro da Justiça

Sobre acusações feitas pelo ex-ministro Sergio Moro durante discurso em que anunciou demissão, o presidente afirmou "É ele quem tem que comprovar"

Jair Bolsonaro: presidente precisa decidir novo ministro da Justiça após Sergio Moro deixar o cargo alegando interferência do Executivo na Polícia Federal (Carolina Antunes/PR/Flickr)

Jair Bolsonaro: presidente precisa decidir novo ministro da Justiça após Sergio Moro deixar o cargo alegando interferência do Executivo na Polícia Federal (Carolina Antunes/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 27 de abril de 2020 às 19h04.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que o novo ministro da Justiça e Segurança Pública “vai ser surpresa”, em um indicativo de que poderá mudar de ideia sobre a indicação do atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, até então o mais cotado para a pasta que era ocupada por Sergio Moro.

Em conversa com jornalistas na chegada ao Palácio da Alvorada, ele admitiu também que considera o advogado-geral da União, André Mendonça, “um bom nome”.

— Eu assino [a nomeação] e a intenção é publicar no DO [Diário Oficial] de amanhã cedo”, afirmou o presidente, acrescentando:

— Vocês vão ter uma surpresa positiva, tem dois nomes postos à mesa, o Jorge e outro. Eu não vou falar porque, se muda, vão falar que eu recuei - disse.

Bolsonaro disse que, além do conhecimento técnico, está buscando “capacidade de dialogar com outros poderes, que tenha boa entrada no Supremo, no TCU, no Congresso”.

Sobre indicações políticas, o presidente justificou que será necessário levar em conta “o momento” e que não descarta indicar um político de carreira para o cargo.

- Não é porque a pessoa foi parlamentar por um tempo que carimbou na testa dele que não pode ser aproveitado em outra função - argumentou.

Bolsonaro reforçou que confia no ministro Jorge Oliveira, mas que precisa levar em conta sua importância no atual cargo.

- O Jorge tem muita experiência, ele acumula com a SAJ (Subchefia para Assuntos Jurídicos), a SAJ é a alma do presidente, tem muita coisa que eu assino e leio a ementa apenas, eu não tenho como ler e interpretar mais de 10 mil leis no Brasil. A confiança é em primeiro lugar - afirmou, lamentando que gostaria que “houvesse outro Jorge” disponível.

- Eu entendo que o MJ é um cargo que dá muita visibilidade, é igual a SAJ, muita gente que passou pela SAJ virou ministro do Supremo, é igual o MJ, e lá 80% é segurança.

Para a diretoria-geral da Polícia Federal, Bolsonaro afirmou que “a princípio é o indicado mesmo” que assumirá o cargo, em referência ao atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência, Alexandre Ramagem.

Sobre a possibilidade de indicar o ex-deputado Alberto Fraga, Bolsonaro reiterou que é seu amigo e que “um dia terá espaço no governo”.

Sergio Moro

Bolsonaro disse ainda que Moro terá de apresentar provas sobre as acusações que fez, como da tentativa do presidente em ter informações privilegiadas da Polícia Federal. Ele afirmou que um eventual inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) poderia ajudar a esclarecer o caso.

- O que acontece: o ministro que saiu fez acusações e é bom que ele comprove, até para minha biografia. Agora, o processo no Supremo é o contrário, é ele quem tem que comprovar aquilo que ele falou ao meu respeito - argumentou.

O presidente disse esperar que o STF esclareça o caso: - É uma acusação grave que foi feita a meu respeito, seria bom o Supremo decidir isso o mais rapidamente possível. E o ministro pode apresentar as provas, se ele tiver, obviamente - disse.

Em uma das cópias de mensagens com o presidente que Moro apresentou à TV Globo, Bolsonaro reclama da CPMI das Fake News, fazendo referência a uma reportagem que relata investigação de deputados bolsonaristas.

Questionado sobre o tema, o presidente afirmou que a CPMI tem objetivo de desgastar ele e os filhos: - Gabinete do ódio, quem é o idiota que acredita? - rebateu.

Bolsonaro desafiou os jornalistas a apresentarem um post dele em redes sociais com mentiras e afirmou que jamais se elegeria sem as mídias sociais.

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