Bolsonaro: ex-presidente recomendou a Salles que adotasse um movimento diferente do que ele mesmo fez em 2022 (Marcos Corrêa/PR/Flickr)
Agência de notícias
Publicado em 20 de abril de 2023 às 18h25.
Última atualização em 20 de abril de 2023 às 18h43.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu na última terça-feira que o seu aliado e pré-candidato à prefeitura de São Paulo, Ricardo Salles, modere as críticas ao postulante à reeleição da capital, Ricardo Nunes (MDB). De olho na disputa de 2024, Bolsonaro orientou Salles a evitar, por ora, ataques contundentes.
Em encontro realizado na sede do PL, revelado pelo colunista Lauro Jardim, Bolsonaro recomendou a Salles que adotasse um movimento diferente do que ele mesmo fez em 2022, quando polarizou a campanha e se colocou na raia oposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para não perder os votos dos eleitores de centro, Bolsonaro pediu que o aliado se coloque como candidato de "centro-direita". O objetivo é evitar que a prefeitura mais importante do país caia no colo de Guilherme Boulos (PSOL).
A reprimenda de Bolsonaro ocorre após ataques de Salles ao Centrão e a Nunes. Na última semana, a Controladoria-Geral de São Paulo e a Procuradoria-Geral do Município pediram que o deputado do PL encaminhasse provas — que ele diz ter — de supostos esquemas de corrupção, que estariam em curso na cidade.
Salles se referiu a Nunes como "ícone do Centrão, que é um câncer em metástase na política". Ao "O Globo", Salles deu a sua versão sobre o pedido de moderação.
"Bolsonaro não me pediu para atacar ou evitar falar sobre o Ricardo Nunes. Pediu, sim, para que aguardássemos uma definição partidária. Por ele, eu sou o candidato do partido no ano que vem. Mas, o PL ainda dialoga com Nunes e tem proximidade em São Paulo. Ele apenas me pediu calma, sem fazer qualquer pressão", afirmou.
De volta no mês passado ao Brasil após 89 dias nos Estados Unidos, Bolsonaro saiu em defesa da candidatura de Salles para a prefeitura de São Paulo, em 2024. Questionado se prefere o nome de seu ex-ministro do Meio Ambiente ou de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o ex-presidente disse que Salles é "mais experiente" e "mais vivido" para concorrer à eleição municipal paulistana.
"É o terceiro maior orçamento do Brasil, uma cidade grande, tem seus problemas, e o Ricardo Salles conhece muito mais do que o Eduardo", afirmou o ex-presidente, acrescentando: "Não estou descartando o Eduardo, não, mas acho que ele tem de ficar mais tempo no Legislativo para disputar um cargo no Executivo", completou.
Entretanto, o ex-presidente não descartou apoio do PL à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Disse que quem vai decidir é a bancada do partido em São Paulo.
"Não estou aqui para dar ordens. Estou sem mandato, mas não estou aposentado, sei o meu lugar", completou.
Bolsonaristas paulistas, capitaneados por Eduardo, começam a se articular para garantir um nome do grupo para disputar a prefeitura de São Paulo em 2024. O filho do ex-presidente se dedicou a um "giro" na capital paulista nos últimos dias para articular a empreitada.
A ideia é alimentar a candidatura de Salles, mas o martelo só será batido no ano que vem, a depender da viabilidade do projeto. Se Salles estiver bem cotado, seguirá como candidato.
Após a declaração de Bolsonaro, a mulher de Ricardo Salles, Gisela Estella Salles, fez uma postagem com um compilado de fotos ao lado do marido e com a hashtag "Sales prefeito SP". O post já em clima de campanha foi compartilhado pelo ex-ministro de Bolsonaro em suas redes sociais.