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Bolsonaro não assusta empresariado, afirma presidente da CNI

Andrade criticou a proposta do pré-candidato Ciro Gomes (PDT) de revogar, se eleito, a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso

Empresários brasileiros não teriam nada contra um governo de direita liderado pelo deputado federal e ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro (PSL), disse o presidente da CNI (Adriano Machado/Reuters)

Empresários brasileiros não teriam nada contra um governo de direita liderado pelo deputado federal e ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro (PSL), disse o presidente da CNI (Adriano Machado/Reuters)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 18 de julho de 2018 às 14h41.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2019 às 15h52.

Empresários brasileiros não teriam nada contra um governo de direita liderado pelo deputado federal e ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro (PSL), disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, em entrevista no escritório da Bloomberg em Brasília, nesta terça-feira.

"Ele foi aplaudido 12 vezes por empresários, não deveria ter sido aplaudido? Mas se foi aplaudido é porque gostaram do que ele falou, principalmente naquilo que ele demonstra de autoridade em relação a alguns desmandos que existem no Brasil", disse Andrade, numa referência ao recente evento da CNI com presidenciáveis. "Não estamos preocupados com a direita. Queremos um presidente que tenha consciência da situação do Brasil e que possa colocar o Brasil no rumo do crescimento."

Andrade criticou a proposta do pré-candidato Ciro Gomes (PDT) de revogar, se eleito, a reforma trabalhista aprovada pelo Congresso e impulsionada pelo governo Temer em 2017, que liberalizou o mercado de trabalho.

“O Brasil precisa discutir outros assuntos e não voltar a temas que foram resolvidos, então espero que a proposta de revogar a reforma trabalhista seja apenas demagogia de campanha de Ciro Gomes.”

Nas pesquisas mais recentes, Bolsonaro lidera todos os cenários sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso por corrupção passiva e lavagem de dinheiro e, possivelmente, impedido de concorrer devido à lei da Ficha Limpa.

Confiança

A confiança dos empresários despencou no mês passado, depois de o país enfrentar 11 dias de greve dos caminhoneiros, que quase paralisou a maior economia da América Latina. As preocupações dos investidores foram agravadas pelo enfraquecimento da gestão Temer, assim como pelas incertezas em torno das eleições presidenciais de outubro.

Andrade também disse que a burocracia e a insegurança jurídica estão entre os maiores retrocessos do Brasil na atração de investimentos. O país ocupa o 125º lugar no ranking geral das 190 nações do índice 2018 Doing Business do Banco Mundial, que destaca várias dificuldades que assolam os empresários locais. O relatório coloca o Brasil em 184º lugar e o 176º lugar em facilidade de pagar impostos e abrir um negócio, respectivamente.

“Existem várias regras diferentes sobre ICMS que dificultam investimentos”, disse Andrade. “Há também um problema que cada instituição parece querer ser protagonista, mas precisamos que cada instituição - a Justiça, os promotores - façam o que lhes cabe e não tentem superar as outras instituições.”

Guerra comercial

A CNI vê risco para o Brasil em guerra comercial entre Estados Unidos e China. No entanto, Andrade avalia que, no curto prazo, o país pode aproveitar a escalada de medidas comerciais entre as duas potências para vender mais insumos a um preço mais elevado.

"Como a China não compra soja dos EUA porque sobretaxou a soja, então o Brasil vai poder vender a soja mais caro, mas essa situação não vai durar muito tempo", disse Andrade.

No longo prazo, porém, o dirigente disse acreditar que as tensões entre Estados Unidos e China afetarão a credibilidade dos acordos comerciais internacionais.

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