Bolsonaro ignora mortes de covid-19 e diz que jornalista é "bundão"
Um dia após ameaçar encher um jornalista de "porrada", Bolsonaro disse que os profissionais da imprensa só sabem "fazer maldade"
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de agosto de 2020 às 13h53.
Última atualização em 24 de agosto de 2020 às 16h51.
No momento em que o Brasil registra quase 115 mil mortes decorrentes do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro participou do evento "vencendo a covid-19", no Palácio do Planalto, na manhã desta segunda-feira, 24.
Em discurso, o presidente não fez qualquer menção às vítimas ou a seus familiares, lembrou que foi já contaminado e voltou a atacar jornalistas. "Quando pega num bundão de vocês a chance de sobreviver é bem menor", afirmou.
Bolsonaro citou ainda a atuação de ex-ministros da Saúde que acabaram exonerados durante a pandemia, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. Ele afirmou que, em março, chamou o novo coronavírus de "gripezinha" e disse que o seu "histórico de atleta" impediria uma infecção mais grave.
Hoje, meses após ter sido criticado pela fala, Bolsonaro falou que "sempre foi atleta das Forças Armadas", mas que o fato de citar o seu histórico seria encarado com "deboche pela mídia". "Aquela história de atleta né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega num bundão de vocês a chance de sobreviver é bem menor", declarou.
Um dia após ameaçar encher um jornalista de "porrada", Bolsonaro disse que os profissionais da imprensa só sabem "fazer maldade" e "usar a caneta com maldade em grande parte". "Tem exceções como aqui o Alexandre Garcia. A chance de (um jornalista) sobreviver é bem menor do que a minha. E quem falou 'gripezinha' foi o Dráuzio Varella, deixar bem claro. E depois eu fui atrás", afirmou.
Foram convidados para a cerimônia médicos que defendem o uso da hidroxicloroquina para o tratamento precoce da doença, medicamento sem eficácia comprovada. Outro defensor da droga, o ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra (MDB-PR) ganhou lugar de destaque no evento.
Ao final do encontro, Bolsonaro e os médicos formaram aglomeração ao se reunir para tirar fotos. Todos eles usavam máscaras. Entre eles, estavam Nise Yamaguchi e Luciano Dias Azevedo. O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, não estava presente, pois está em viagem ao Ceará.