"Não é jornalista, é militante", diz Bolsonaro sobre Glenn Greenwald
Questionado por jornalistas ao sair do Palácio do Planalto nesta terça-feira, o presidente não respondeu se está tendo acesso às investigações da PF
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de julho de 2019 às 12h51.
Última atualização em 30 de julho de 2019 às 14h40.
Brasília — O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer nesta terça-feira, 30, que o jornalista Glenn Greenwald , do site The Intercept Brasil, é militante e cometeu crime ao divulgar informações que teriam sido obtidas por hackers .
"O primeiro crime é invasão. Foi por terceiros. Quando você pega uma informação dessa e se tivesse informação... Nem sei se tem e nem sei se é verdade o que tiram lá de dentro, e começa a passar para frente. Você está dando repercussão a um crime, pô, você tem que ter a obrigação de desvendar aquele crime", disse ao deixar o Palácio da Alvorada pela manhã.
Interpelado por repórteres sobre o fato de que não cabe a um jornalista desvendar crimes, Bolsonaro afirmou que Greenwald não é jornalista, mas militante.
"Aqui, o Greenwald é jornalista? Ah tá, o Greenwald é jornalista? Ele é jornalista? Ele é militante. Eles já acharam 100 mil reais com gente deles lá, tá", disse.
O presidente não esclareceu como sabe sobre a suposta existência do valor citado e não respondeu aos questionamentos se está tendo acesso às investigações. "Isso é reservado, tá ok?".
Na segunda-feira, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou que as acusações de Bolsonaro a Greenwald estão sendo feitas com base no "entendimento pessoal" do presidente.
Ele também não respondeu se Bolsonaro teve acesso ao inquérito sobre hackers presos na Operação Spoofing, que prendeu os acusados de terem acessado os telefones de autoridades, inclusive o do presidente e do ministro da Justiça, Sergio Moro.
Eles teriam repassado as informações obtidas de forma anônima e gratuita ao site The Intercept Brasil.