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Bolsonaro diz a apoiadores que PF reabrirá investigação sobre facada

Apuração da PF aponta que Adélio Bispo agiu sozinho e foi referendada pelo Ministério Público e pela Justiça Federal

Bolsonaro: presidente disse que não quer “forçar nada”, mas que acha “prudente” retomar as investigações (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: presidente disse que não quer “forçar nada”, mas que acha “prudente” retomar as investigações (Adriano Machado/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 29 de abril de 2020 às 07h20.

O presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores no Palácio da Alvorada nesta terça-feira que a Polícia Federal reabrirá as investigações sobre a facada que levou durante a campanha eleitoral de 2018, em Juiz de Fora. Logo depois, questionado por jornalistas, disse que não quer “forçar nada”, mas que acha “prudente” a retomada das investigações, “dentro da legalidade”, para descobrir o suposto mandante do crime.

"Vai ser reaberta a investigação. Vai fazer a investigação. Foi negligenciado. A conclusão foi o ‘lobo solitário’. Como é que pode o ‘lobo solitário’ com três advogados, com quatro celulares, inclusive andando pelo Brasil", disse Bolsonaro a uma fã que o interpelou sobre o assunto. "Eu entendo que o meu caso é 200 vezes mais fácil de solucionar do que o da [vereadora] Marielle [Franco]. O meu tem o assassino e tem uma série de indícios E quase ele teve sucesso. Eu fui salvo por milímetros", afirmou.

O “lobo solitário” em questão é Adélio Bispo de Oliveira, autor da facada. Ele foi declarado inimputável porque, segundo pareceres médicos da defesa e da acusação, sofre de problemas mentais. Em junho do ano passado, a Justiça Federal mineira converteu sua prisão preventiva em internação por tempo indeterminado.

A Polícia Federal investigou o caso, cumprindo diversas diligências, e concluiu que Adélio agiu sozinho. O Ministério Público e a Justiça referendaram esse entendimento. Bolsonaro disse na época que não recorreria da decisão porque por ser considerado como uma pessoa com problemas mentais Adélio não poderia ser solto no futuro. O presidente, no entanto, insiste na versão de que Adélio agiu a mando de alguém.

Os desdobramentos do caso sempre foram um foco de tensão entre ele e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que deixou o governo na semana passada e acusou o presidente de tentar interferir politicamente na PF. Questionado por jornalistas sobre se acha prudente a retomada das investigações, Bolsonaro respondeu: "Eu acho prudente, sim, e não quero forçar nada, zero. Mas tem que ser aprofundado isso aí. Meu Deus do céu! Se fosse uma tentativa de assassinato de alguém da esquerda, estava até hoje alguém buzinando. Por que é que eu passei a ser um elemento descartável, diferente dos outros?", questionou. "Eu acho que quem é sério no país quer saber quem é que está por trás dessa tentativa de assassinato", complementou.

Bolsonaro comparou seu caso ao do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em 2002. Segundo Bolsonaro, aquele caso foi escondido, varrido para debaixo do tapete”. A investigação apontou para um crime comum, sem motivações políticas.

Os jornalistas também perguntaram a Bolsonaro se ele tinha elementos que indicassem haver um mandante para o atentado de Juiz de Fora.

"Eu não tenho provas pessoalmente. O que tenho é sentimentos, sugestão para dar para a Polícia Federal- respondeu. O que for possível a PF fazer, dentro da legalidade, para apurar quem pagou o Adélio para tentar me matar, vai fazê-lo", complementou.

O presidente negou ainda querer interferir na Polícia Federal, acusação que Moro lhe fez ao deixar o governo. E disse ter certeza de que Moro não apresentará nenhuma prova a esse respeito.

"A Polícia Federal tem que ser independente. Não só do presidente, como do ministro. Para encerrar o caso Moro, ele tem que provar que eu interferi, não eu que tenho que provar que sou inocente", afirmou. "Está na lei que quem tem que indicar o chefe da PF sou eu, não ele. Eu tentei negociar com ele o tempo todo. Ele não aceitou, fechou questão" .

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