Bolsonaro: Decisão sobre máscara é de Queiroga e governadores
Segundo especialistas e autoridades de saúde, pessoas vacinadas, apesar de terem risco reduzido de internação e morte por Covid-19, ainda podem ser infectadas e transmitir o vírus a outras pessoas
Reuters
Publicado em 11 de junho de 2021 às 11h50.
Última atualização em 11 de junho de 2021 às 13h38.
Depois de pedir um parecer ao ministro da Saúde , Marcelo Queiroga , para desobrigar o uso de máscaras para pessoas que se v acinaram ou já tiveramCovid-19, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira que a decisão final será do ministro, e no fim da linha, dos governadores .
"Ontem pedi para o ministro da Saúde fazer um estudo sobre máscara. Quem já foi infectado e quem já tomou vacina não precisa usar. Mas quem vai decidir é ele, sobre um parecer", afirmou em conversa com cinegrafistas de emissoras de TV na saída do Palácio da Alvorada.
"Se bem que quem decide na ponta da linha é governador e prefeito, eu não apito nada. Segundo o Supremo (Tribunal Federal) quem decide é eles. Mas nada como você estar em paz com a sua consciência."
Em discurso recheado de distorções e informações equivocadas na quinta-feira, Bolsonaro falou do pedido que fez a Queiroga, com a mesma alegação.
Segundo especialistas e autoridades de saúde, pessoas vacinadas, apesar de terem risco reduzido de internação e morte por Covid-19, ainda podem ser infectadas e transmitir o vírus a outras pessoas. Já aqueles que tiveram a doença, como o próprio presidente, podem não apenas se reinfectar, como também transmitir.
A afirmação de Bolsonaro causou a reação de especialistas, parlamentares e dos governadores.
Em um vídeo distribuído pela sua assessoria, o coordenador do tema de vacinas do Fórum de Governadores, o governador do Piauí , Wellington Dias (PT), disse que a orientação do Fórum é pela manutenção da obrigatoriedade do uso de máscaras.
Na noite de quinta, Queiroga confirmou o pedido de Bolsonaro para avaliar a obrigatoriedade do uso de máscara e disse que irá atender a demanda, mas que a liberação só deve vir depois de mais vacinação. No momento, o Brasil tem pouco mais de 11% das pessoas totalmente imunizadas.
O parecer do ministério, entretanto, não poderia se sobrepor a uma lei nacional, aprovada no ano passado pelo Congresso e que, apesar de vetada em grande parte por Bolsonaro, teve os vetos derrubados pelos parlamentares. O texto exige o uso de máscaras em locais fechados, comércio, transporte coletivo, escolas, etc.
Além disso, o parecer também não poderia se sobrepor a regras estaduais e municipais sobre o tema, já que o STF decidiu que os governos locais têm o poder de decidir sobre medidas de contenção da pandemia.
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