Brasil

Bolsonaro cria órgão para perdoar multas ambientais

Presidente tem defendido medida para combater o que ele tem descrito como "indústria das multas"; decreto entra em vigor em 180 dias

Foto arquivo da Floresta Amazônica: agricultores foram uma importante base de apoio ao novo governo nas eleições de 2018 (Reuters/Reuters)

Foto arquivo da Floresta Amazônica: agricultores foram uma importante base de apoio ao novo governo nas eleições de 2018 (Reuters/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 12 de abril de 2019 às 20h53.

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro criou um órgão regulatório com o poder de perdoar ou revisar multas ambientais, em uma medida para combater o que ele tem descrito como uma "indústria das multas" que ameaça a subsistência de agricultores e pecuaristas.

Ambientalistas alertam que a medida pode prejudicar o cumprimento de leis contra o desmatamento em biomas sensíveis, como a floresta amazônica.

Em decreto publicado no Diário Oficial na quinta-feira, Bolsonaro criou um "núcleo de conciliação ambiental" em seu governo com poderes para resolver disputas ambientais. O decreto entra em vigor em 180 dias.

No mês passado, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o governo estava considerando criar o órgão para acelerar o processo de julgamento de multas e aprimorar um sistema no qual poucas multas são realmente coletadas.

Mas, o sistema também pode acabar prejudicando o Ibama, atual órgão de fiscalização ambiental, que usa multas como uma de suas principais ferramentas para garantir o cumprimento da lei.

"O decreto das multas cria uma espécie de balcão da impunidade", disse Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace.

"Quem foi flagrado cometendo crime ambiental ganha a possibilidade de recorrer eternamente e nunca ser efetivamente julgado", acrescentou.

Durante a campanha eleitoral no ano passado, Bolsonaro criticou multas ambientais enfrentadas por agricultores, uma importante base de apoio que o ajudou a obter uma vitória decisiva na votação de outubro.

O órgão de conciliação será responsável por validar infrações ambientais, realizar audiências com os réus, nas quais pode apresentar possíveis soluções legais para encerrar a disputa, e tomar decisões sobre o caso.

 

Acompanhe tudo sobre:AgriculturaIbamaJair BolsonaroMinistério do Meio AmbienteRicardo Salles

Mais de Brasil

Servidores do INSS entram em greve por tempo indeterminado

Jogo do Tigrinho deverá ter previsão de ganho ao apostador para ser autorizado; entenda as regras

Após águas baixarem, fóssil achado com 'preservação quase completa', é um dos mais antigos do mundo

Três aeroportos brasileiros estão entre os mais pontuais do mundo; veja ranking

Mais na Exame