Bolsonaro convida Temer para chefiar ajuda ao Líbano
Após uma explosão que deixou mais de 150 mortos na região portuária de Beirute, o país vive risco de desabastecimento e agravamento de uma crise econômica
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de agosto de 2020 às 11h28.
Última atualização em 9 de agosto de 2020 às 13h25.
O presidente Jair Bolsonaro anunciou neste domingo, 9, o envio de uma missão de ajuda humanitária e técnica ao Líbano, para ajudar na reconstrução do país após as explosões que destruíram a região portuária de Beirute. De acordo com o presidente, a equipe brasileira pode ser chefiada pelo ex-presidente Michel Temer, que é filho de libaneses, e foi convidado para assumir a função. A declaração foi feita durante uma conferência organizada pelo presidente da França, Emmanuel Macron.
Entre as medidas anunciadas, estão o envio de medicamentos e insumos básicos médicos em um avião da Força Aérea Brasileira e a destinação de quatro mil toneladas de arroz para atenuar os efeitos da perda de cereais. Bolsonaro também afirmou que negocia com o governo libanês o envio de uma equipe técnica para colaborar na perícia que investiga a explosão.
"Neste momento difícil, o Brasil não foge à sua responsabilidade", afirmou Bolsonaro durante a teleconferência. O presidente também voltou a manifestar condolências às famílias das vítimas e disse que uma união internacional é necessária para enfrentar as consequências da explosão.
O ex-presidente Michel Temer afirmou estar honrado com o convite feito pelo presidente Jair Bolsonaro para capitanear a missão humanitária do Brasil no Líbano. "Quando o ato for publicado no Diário Oficial da União serão tomadas as medidas necessárias para viabilizar a tarefa", disse, em nota à imprensa.
Na última quinta, Temer postou mensagem de apoio ao Líbano, em sua conta no Twitter. "Consternado com o gravíssimo incidente ocorrido em Beirute, trago a minha palavra de condolências às famílias das vítimas. Que o espírito de luta e superação dos libaneses, mais uma vez estejam presentes. Força meu Líbano!", escreveu.
Trump cobra investigação
Donald Trump também participou do evento e aproveitou para cobrar uma investigação para apurar as causas da explosão. Após discursos contraditórios do governo norte-americano sobre a tragédia, Trump pressionou a comunidade internacional para descobrir o que de fato aconteceu.
"Foi acidente de fato? Se foi acidente, foi um acidente tremendamente horrível. Cabe saber: será que foi outra coisa diferente que não um acidente?", questionou o presidente.
Na terça-feira, 4, após a explosão, Trump chegou a afirmar que o desastre ocorrido na região portuária de Beirute parecia ter sido um "ataque". Neste domingo, 9, porém, ele condicionou a avaliação a uma investigação. "Uma investigação deve ser feita com muito empenho e, se houve qualquer coisa diferente do que hoje lemos, e tenho recebido diferentes leituras do que pode ter acontecido na tragédia, esperamos que ocorra uma investigação prontamente."
Presidente promete responsabilizar culpados
Sob pressão internacional, o presidente do Líbano, Michel Aoun, prometeu investigar e responsabilizar todos os culpados pela tragédia. O governo do Líbano é acusado de negligência na explosão e está à beira de uma crise humanitária após a destruição de estoques de comida e remédios.
O comando do país enfrenta manifestações nas ruas. Na sexta-feira, 7, Aoun disse que a tragédia pode ter sido causada "por intervenção externa", citando a hipótese de "um míssil".
Neste domingo, 9, o presidente do país árabe prometeu combater a corrupção e empreender reformas após a destruição, em uma tentativa de responder ao cenário. Ele recebeu declarações de condolências na reunião, mas também ouviu cobranças para uma investigação internacional sobre o ocorrido.
"Ninguém está acima da lei. Comprometi-me com cada cidadão libanês que toda pessoa cuja participação ficar comprovada será responsabilizada em conformidade com a legislação libanesa vigente", disse.
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