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Bolsonaro aposta em redes sociais para superar "campanha tradicional"

Com 5,3 milhões de seguidores no Facebook, pré-candidato do PSL tenta driblar restrições de estrutura partidária e de palanques e falta tempo de rádio e TV

Bolsonaro: "grande turbulência" para a campanha vai ocorrer no período de campanha na televisão , pouco mais de 30 dias antes do 1º turno, diz dirigente do PSL (Rodolfo Buhrer/Reuters)

Bolsonaro: "grande turbulência" para a campanha vai ocorrer no período de campanha na televisão , pouco mais de 30 dias antes do 1º turno, diz dirigente do PSL (Rodolfo Buhrer/Reuters)

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Reuters

Publicado em 10 de maio de 2018 às 18h17.

Brasília - O pré-candidato do PSL ao Palácio do Planalto, deputado Jair Bolsonaro (RJ), aposta na força de sua atuação nas redes sociais para compensar as dificuldades que terá para fazer uma campanha nos moldes tradicionais, que seja baseada no tripé financiamento, estrutura partidária e de palanques e tempo de rádio e TV, afirmaram aliados diretos dele à Reuters.

Eles consideram que esses são os três principais entraves para o deputado chegar ao segundo turno da eleição presidencial, no momento em que, a cinco meses das eleições, ele lidera as pesquisas de intenção de voto em cenários sem a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva --preso há um mês cumprindo pena por condenação no processo do tríplex do Guarujá (SP) e que deve ser impedido de concorrer em razão da Lei da Ficha Limpa.

Atualmente, o deputado é o líder entre os pré-candidatos em fãs no Facebook, com 5,3 milhões, em número de assinantes no Youtube, com quase 520 mil pessoas, e é o segundo em seguidores no Twitter, com 1,1 milhão, atrás da ex-ministra e que já foi candidata a presidente por duas vezes, Marina Silva, com 1,9 milhão, conforme o site Torabit, especializado em análise de redes sociais.

Apesar dessa influência, o deputado conta apenas com uma pequena estrutura de assessores e aliados para defender e propagar suas ideias --é o único que se propaga publicamente como de direita-- durante o período pré-eleitoral.

Adversários dele, contudo, têm se mostrado céticos em relação à viabilidade eleitoral de um projeto presidencial com esse formato. Ainda acreditam que ele deverá perder consistência na campanha diante da exposição de posições polêmicas.

Bolsonaro também já decidiu, segundo aliados, abrir mão dos recursos do chamado fundo eleitoral, verba pública criada por lei para financiar as campanhas após o fim do financiamento de empresas.

O PSL tem reservados cerca de 9 milhões de reais para a campanha de 2018, o que poderia garantir ao presidenciável 3 milhões de reais para bancar despesas eleitorais. Ainda não há uma definição, segundo essas pessoas, sobre como o deputado vai financiar sua campanha.

Período de turbulência

O presidente licenciado do PSL, Luciano Bivar, admitiu à Reuters dificuldades para estruturar a candidatura de Bolsonaro. Ele disse que a legenda busca alianças para aumentar o tempo de propaganda eleitoral. Nas estimativas dele, o partido só teria direito a entre 15 e 20 segundos no rádio e na TV, de um total de 12 minutos e 30 segundos em cada bloco.

Lideranças do partido admitem haver conversas para tentar emplacar o senador Magno Malta (ES), do PR, como vice, o que poderia aumentar o tempo de propaganda. Procurado pela reportagem, Malta não atendeu aos pedidos de entrevista.

Para Bivar, a "grande turbulência" para a campanha de Bolsonaro vai ocorrer no período de televisão na campanha, pouco mais de 30 dias antes do primeiro turno, dia 7 de outubro.

"A rede social vai funcionar para contrabalançar essa falta de tempo de TV. Precisamos de gordura para compensar a falta de informação", afirmou o presidente licenciado do PSL, que disse estar otimista quanto à "sobrevivência" do candidato nesse futuro momento.

O dirigente partidário destacou que, passado esse período, a disputa fica mais equilibrada no segundo turno, porque na propaganda os candidatos terão idêntico tempo de TV e rádio.

Ele e o deputado Carlos Manato (PSL-ES), outro aliado de Bolsonaro, disseram que a campanha deverá buscar uma espécie de crowdfunding para custear as despesas.

A partir de 15 de maio já será permitida a arrecadação prévia a pré-candidatos por meio do crowdfunding, que é um mecanismo de arrecadação coletiva de recursos.

Campanha curta aguda

Aliados consideram que, com a redução do período de campanha eleitoral--de 90 dias para 45 dias; ela começará oficialmente apenas em 16 de agosto-- e sem financiamento de empresas será possível ter uma disputa mais igualitária para o nome do PSL.

A previsão durante a campanha é de aumentar a equipe que trabalha com redes sociais e intensificar parcerias com apoiadores nos Estados --outra iniciativa para suprir a provável falta de palanques regionais.

"A campanha dele vai ser barata. Não tem tempo de TV, não vai gastar com megaprodução e vai viajar de avião de carreira", disse Manato, ao citar que um importante gasto que o colega de partido deve ter na campanha ao Planalto é com advogados, para defendê-lo de potenciais acusações de homofobia.

Uma fonte do MDB, partido com maior tempo de propaganda eleitoral e capilaridade nos Estados, avaliou que esses percalços de Bolsonaro vão pesar na campanha. Para essa fonte, o deputado apresenta um interessante piso de intenção de voto no momento, mas terá dificuldades para ampliar seus apoios com a forma que atua.

"Bolsonaro prega para os convertidos", disse a fonte, para quem a corrida eleitoral, apesar de aberta, deverá afunilar entre candidatos de partidos tradicionais.

Já o presidente licenciado do PSL avalia que a campanha de Bolsonaro é uma novidade que assusta.

"Eu acho que é um novo paradigma de campanha e isso está assustando todo mundo", afirmou Bivar.

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