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BHP quer adiar julgamento em Londres por desastre ambiental em Mariana

Em dezembro, uma juíza da divisão comercial da Alta Corte londrina marcou para 9 de abril de 2024 o início do julgamento, que deveria levar oito semanas

Barragem em Mariana: desastre é considerado a pior tragédia ambiental do Brasil (Antonio Cruz/Agência Brasil)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 20 de abril de 2023 às 18h08.

Última atualização em 20 de abril de 2023 às 18h35.

A mineradora anglo-australiana BHP defendeu, nesta quinta-feira, 20, diante de um tribunal em Londres, a necessidade deadiar para 2025 o julgamento no qual cerca de 700 mil atingidos pela ruptura da barragem de rejeitos de Fundão, em Mariana (MG), reivindicam US$ 44 bilhões (cerca de R$ 222 bilhões na cotação atual) em compensações.

Em dezembro, uma juíza da divisão comercial da Alta Corte londrina marcou para 9 de abril de 2024 o início do julgamento, que deveria levar oito semanas.

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Contudo, em uma nova audiência nesta quinta, os advogados da mineradora argumentaram que "é necessário mais tempo para apresentar as provas factuais e periciais", dada a discrepância entre as partes sobre as causas da catástrofe.

A BHP apresentou um pedido de adiamento para 2025 alegando que precisará de mais tempo para proporcionar os elementos factuais sobre a gestão da barragem e as análises geotécnicas, assim como informações sobre estruturas hierárquicas e as comunicações internas da empresa que foram solicitadas pelos demandantes.

A juíza deve anunciar sua decisão dentro de algumas semanas.

Relembre o desastre em Mariana (MG)

A BHP é objeto de uma ação coletiva em Londres de 700 mil pessoas e entidades por sua qualidade de coproprietária, ao lado da brasileiraVale,da mineradora Samarco, responsável pela gestão da barragem de Fundão no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), que colapsou em 5 de novembro de 2015.

O desastre,considerado a pior tragédia ambiental do Brasil, causou a morte de 19 pessoase a destruição de áreas protegidas, entre as quais está a terra indígena do povo Krenak, que figura entre os demandantes.

O rompimento da barragem liberou quase 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério altamente tóxicos que cobriram por completo o distrito de Bento Rodrigues.

Além disso, o tsunami de lama tóxica se estendeu até o Oceano Atlântico, percorrendo 650 quilômetros pelo leito do Rio Doce.

Julgamento em Londres

O escritório de advocacia britânico Pogust Goodhead, que representa os mais de 700 mil demandantes, que também incluem dezenas de municípios brasileiros, milhares de empresas e milhares de membros de diferentes comunidades indígenas, estima os prejuízos somados aos jurosacumulados em £ 36 bilhões(mais de R$ 222 bilhões).

Para manter o início do julgamento em abril de 2024, o escritório propôs a divisão do processo em duas partes, reconhecendo hoje que a primeira delas poderia necessitar de entre dez e 12 semanas.

Contudo, os advogados argumentam que, após superar uma longa via-crúcis legal iniciada em 2018 em um tribunal de Liverpool, no noroeste da Inglaterra, a maior ação coletiva apresentada na história da Justiça britânica não pode mais sofrer adiamentos.

Quanto mais tempo demorar, alegam os advogados do Pogust Goodhead, maior é o risco de os responsáveis da mineradora perverterem a memória de como ocorreu a tragédia.

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