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BC vê continuidade da desaceleração do saldo do crédito

"No mês de outubro, houve uma apreciação cambial de 2,87%, o que reduz os saldos de operações do BNDES e de repasses externos", explicou


	Banco Central em Brasília: Fernando Rocha afirmou que a queda no saldo de crédito para pessoas jurídicas em outubro teve influência da variação cambial
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Banco Central em Brasília: Fernando Rocha afirmou que a queda no saldo de crédito para pessoas jurídicas em outubro teve influência da variação cambial (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2015 às 12h22.

Brasília - O chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando Rocha, salientou nesta sexta-feira, 27, que a estabilidade do estoque de crédito em outubro ante setembro (-0,1%) deriva da redução do saldo das operações com Pessoa Jurídica e de um aumento no segmento de Pessoa Física.

"Alguns fatores ajudam a explicar as operações de crédito. Vimos em outubro continuidade da desaceleração do saldo do crédito. No passado, esse crescimento era em ritmo de 2 dígitos e agora menos", disse.

Isso, segundo ele, se deve ao fato de o estoque já ser mais elevado, em 54,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

"Naturalmente, os saldos já seriam menores e também deriva da economia mais fraca, com impacto na renda e no emprego", citou.

Especificamente sobre este mês, o chefe de departamento lembrou que deve ser visto algum impacto da greve dos bancários que se estendeu de 6 a 23 de outubro.

Fernando Rocha afirmou que a queda no saldo de crédito para pessoas jurídicas em outubro teve influência da variação cambial. Segundo ele, parte das parcelas dessas operações é vinculada ao câmbio.

"No mês de outubro, houve uma apreciação cambial de 2,87%, o que reduz os saldos de operações do BNDES e de repasses externos", explicou.

No caso das pessoas físicas, segundo o chefe adjunto, a explicação da alta no saldo em outubro pode ser observada na elevação mais significativa das operações de crédito imobiliário.

Ele ponderou que essas operações têm tido desaceleração nos últimos períodos, mas ainda há um crescimento a taxas mais altas que o total.

Projeções

O chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central destacou que, dadas as informações sobre o mercado de crédito em outubro, há um risco, de tendência ligeiramente para baixo, de haver uma revisão da previsão da instituição para o comportamento desse setor este ano.

A estimativa atual do BC é de que haverá um crescimento de 9% do crédito em 2015.

As revisões são feitas trimestralmente pela instituição - deve ser atualizada no mês que vem.

Em 12 meses, que é a melhor forma de comparação, a expansão do mercado está em 8,1%, e no acumulado dos 10 primeiros meses do ano, em 4,6%.

Juros

Fernando Rocha salientou que o nível recorde dos juros em outubro - patamar que vem avançando desde o início do ano - é um movimento que está consistente com o ciclo de política monetária.

Desde abril de 2013, o BC vem elevando a taxa básica de juros, que chegou a 14,25% ao ano em julho e foi mantida desde então.

"Temos os maiores valores da série do BC (iniciada em março de 2011). As taxas de juros e os spreads cresceram em outubro, dando sequência já vista há alguns meses", comparou.

No mês passado, a taxa de juros com recursos livres subiu para 47,9% e o spread, para 33,3 pontos porcentuais.

"Este é um movimento que está consistente com o ciclo de política monetária. O aumento da taxa básica tem o impacto teórico e prático dos demais espectros das taxas de juros", afirmou.

Consignado

O representante do Banco Central afirmou que a redução das linhas de crédito consignado levaram a um aumento do crédito rotativo no mês de outubro.

A restrição ao consignado foi motivada pela greve dos bancários, que se estendeu por quase todo o mês passado. "Não conseguindo linhas de crédito mais baratas, as pessoas acabaram incorrendo nessas mais caras", explicou.

Sobre a redução das taxas de concessão de crédito para pessoa jurídica, Rocha disse que o dado do mês foi influenciado pela redução do crédito rural, que, segundo ele, é sazonal.

"O Governo Federal tomou decisão de não emitir mais dívida para financiar empréstimos do BNDES. Isso implica em redução", disse.

Inadimplência

Fernando Rocha enfatizou que, apesar de registrar um crescimento modesto em outubro, a taxa de inadimplência do mês passado, que alcançou 5% no caso do segmento com recursos livres, foi a mais alta desde maio de 2013, quando ficou e, 5,1%.

"Desde meados do ano, crescimento tem sido de 0,1 ponto porcentual a cada mês", verificou.

Ele salientou que, por causa da greve dos bancários em outubro, é possível que, da mesma forma que algumas pessoas não conseguiram acessar linhas, pode ter havido ocorrência também de clientes que não conseguiram renegociar suas dívidas, gerando impacto no resultado de outubro.

Rocha salientou, no entanto, que num período mais longo, este movimento de alta do calote era esperado.

Mesmo assim, segundo o técnico, o aumento da inadimplência encontra o sistema financeiro nacional (SFN) bastante capitalizado e provisionado.

Isso, de acordo com ele, faz com que a alta do calote não traga impacto para a solidez do sistema financeiro.

O chefe adjunto previu ainda que, dado o momento de recessão pela qual passa o País, a alta da inadimplência pode continuar, mas em ritmo moderado.

"Com taxas negativas de PIB e o mercado esperando taxas negativas para o próximo ano também, isso é possível", disse.

Ele salientou, porém, que os bancos têm sido mais criteriosos na concessão de crédito.

Especificamente sobre o segmento imobiliário, o técnico disse que tudo indica que o crédito deve continuar com taxa de inadimplência menor do que o dos demais segmentos.

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