BC precisa acelerar juros para frear inflação, diz Austin Rating
Economista Alex Agostini defende elevação da Selic de pelo menos 0,75 ponto na próxima reunião do Copom
Da Redação
Publicado em 23 de fevereiro de 2011 às 12h30.
São Paulo – O quadro inflacionário no Brasil é preocupante e requer uma ação mais rigorosa por parte do Banco Central. A avaliação é do economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini, que participou nesta terça-feira (22) do programa “Momento da Economia”, na Rádio EXAME.
“A situação é bastante preocupante. O Banco Central precisa acelerar o ritmo de alta caso queira trazer a inflação de volta para o centro da meta, de 4,5%. A nossa projeção para a próxima reunião do Copom, no início de março, é de alta de pelo menos 0,75 ponto percentual. A dose total, que nós imaginávamos que seria de dois pontos ao longo do ano, certamente será maior, ao redor de dois e meio a três pontos”, diz Agostini.
Embora saliente que algumas pressões nos preços são sazonais, o economista considera a situação bem complicada devido ao componente externo. “Não é só o crescimento econômico no Brasil que tem feito a taxa de inflação subir. O cenário mundial (de alta das commodities) preocupa e reduz os efeitos dos instrumentos de combate à inflação no Brasil.”
É fato que o governo contribui para a piora da inflação ao não permitir que o câmbio se valorize ainda mais. Porém, ao fazer isso, evita outros efeitos colaterais na economia. “O governo sabe que, se deixar a taxa de câmbio se valorizar ainda mais, ele pode ter problemas no saldo das transações correntes. Um aumento nesse déficit poderia gerar uma percepção ruim por parte dos investidores estrangeiros. Então, o Banco Central e o governo sabem que não dá para usar todos os instrumentos ao mesmo tempo (no caso, a política cambial) para combater a inflação, pois haveria desequilíbrios em outras áreas da economia”, explica Agostini.
Na entrevista (para ouvi-la na integra, clique na imagem ao lado), o economista-chefe da consultoria Austin Rating analisa os possíveis efeitos na inflação do corte de gastos anunciado pelo governo e faz projeções para o crescimento da economia brasileira.