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Barbosa prevê IPCA na meta e nega maior tolerância com inflação

O IPCA acumula alta de 5,63 por cento nos últimos 12 meses, maior nível desde fevereiro de 2009

Alexandre Tombini, próximo presidente do Banco Central: controle da inflação (Bazuki Muhammad/REUTERS)

Alexandre Tombini, próximo presidente do Banco Central: controle da inflação (Bazuki Muhammad/REUTERS)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2010 às 06h09.

Brasília - O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, disse que a inflação voltará ao centro da meta e avisou que erram os analistas que esperam um governo mais tolerante com a inflação ou mais gastador.

“Não há tolerância com a inflação,” disse Barbosa em entrevista em Brasília ontem. “O governo do presidente Lula já mostrou que o controle da inflação é condição necessária para o sucesso da política econômica. É importante que esse controle também venha com crescimento econômico, aumento do emprego e distribução de renda.”

Com relação a essas mesmas especulações com relação ao governo da presidente eleita Dilma Rousseff, Barbosa disse que são naturais no momento político de transição. “Elas vão se dissipar rapidamente à medida que começar o novo governo e ficar claro que há o mesmo compromisso com a estabilidade econômica e com o equilíbrio fiscal.”

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo acumula alta de 5,63 por cento nos últimos 12 meses, maior nível desde fevereiro de 2009. Para Marcelo Salomon, economista chefe do Barclays Capital em São Paulo, a inflação pode ultrapassar 6,5 por cento em 2011 e furar o teto da faixa de tolerância em torno da meta do Banco Central de 4,5 por cento.

Devido à alta da inflação, operadores apostam que o BC vai elevar a taxa Selic em pelo menos 25 pontos-base na próxima reunião em janeiro, de acordo com estimativas da Bloomberg baseadas nos contratos de Depósito Interfinanceiro negociados na BM&FBovespa. Nesta semana o BC manteve a Selic em 10,75 por cento, sinalizando possível alta em algum momento de 2011.

Barbosa disse que a inflação está sendo pressionada pelo choque de alimentos por fatores climáticos da produção nacional e do movimento das commodities.

Commodities

“Parte dessa elevação de preços vem do excesso de liquidez que provoca investimento em commodities”, disse ele. “Não há pressão de demanda além desse choque. O PIB pode crescer 8% em 2010, mas está entre 7,6% e 7,8%. Isso não é excessivo porque tivemos retração de 0,6 por cento em 2009. O que houve foi uma correção”.

Economistas esperam que a Selic volte a subir no próximo ano, começando com uma alta de meio ponto percentual em janeiro, que levará a taxa a 11,25 por cento, de acordo com a última pesquisa do BC com o mercado, publicada em 6 de dezembro. Barbosa recusou-se a comentar sobre o cenário para juros.

Em 3 de dezembro, o BC aumentou o depósito compulsório para reduzir o crescimento do crédito, que vem se expandindo a uma taxa anual de 20 por cento, e evitar “bolha” no mercado.

Equilíbrio fiscal

Barbosa disse que o equilíbrio fiscal tem de ocorrer para os lados financeiro e social. “No lado financeiro, o equilíbrio tem de reduzir a dívida pública e manter a estabilidade econômica. No lado social, ele tem de ser compatível com o desenvolvimento da economia e com melhor distribuição de renda.”

“Conseguimos fazer isso nos últimos anos e tenho certeza que continuaremos fazendo nos próximos anos. É a mesma política econômica mas requer algumas adaptações porque os contextos nacional e internacional são diferentes”, afirmou o secretário.

O investimento vai continuar crescendo, na previsão de Barbosa, porque para isso é necessário para reduzir inflação e diminuir a taxa de juros de maneira sustentável. “Vamos preservar o investimento nesse contexto internacional adverso.”

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