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Barbosa critica pena dada a Valdemar

Parlamentar não precisará cumprir pena em regime fechado


	Regra mais benéfica para crimes de corrupção passiva foi aplicada ao deputado Valdemar Costa Neto, decisão considerada errada pelo relator Joaquim Barbosa
 (Wikimedia Commons)

Regra mais benéfica para crimes de corrupção passiva foi aplicada ao deputado Valdemar Costa Neto, decisão considerada errada pelo relator Joaquim Barbosa (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2012 às 17h09.

Brasília - O relator do processo do mensalão e presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, chamou de "absurdo dos absurdos" a pena de 2 anos e 6 meses aplicada pelo tribunal ao deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP) pelo crime de corrupção passiva.

Com pena final de 7 anos e 10 meses, o parlamentar escapou por apenas dois meses de iniciar o cumprimento de pena em regime fechado. Valdemar foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Após a manifestação do relator, os ministros ficaram de voltar ao tema após concluir a dosimetria dos outros réus.

O protesto de Barbosa foi pela decisão do tribunal de aplicar a lei antiga para os crimes de corrupção passiva que tenham se iniciado antes de 12 de novembro de 2003. A lei que trata da prática foi alterada aumentando de um para dois anos a pena mínima e de oito para 12 anos a pena máxima. No julgamento de Valdemar e outros parlamentares, porém, a maioria dos ministros entendeu que deveria ser aplicada a regra mais benéfica ao réu.

Para Barbosa, a escolha foi errada porque os recebimentos realizados já na vigência da nova lei também fazem parte do crime e isso deveria levar a pena mais alta. Citando diretamente Valdemar, ele defendeu a aplicação de uma pena mais alta. "Se considerarmos que a pena é aquela da solicitação e não do recebimento, teríamos que afirmar que, quando o réu Valdemar Costa Neto recebeu propina de R$ 1,5 milhão por meio de Delúbio Soares em agosto de 2004 desconhecia que a pena era aquela estabelecida quase um ano antes pelo Congresso", disse. "É um absurdo dos absurdos", concluiu Barbosa citando a pena de 2 anos e 6 meses.

A manifestação do relator fez com que um debate sobre o tema se iniciasse no plenário. A ministra Rosa Weber afirmou que o tribunal deveria debater o tema. Outros magistrados manifestaram-se nessa mesma direção. O revisor, Ricardo Lewandowski, chegou a dizer que a matéria estava vencida e que uma nova discussão teria de abrir espaço para manutenção do Ministério Público e da defesa dos réus. O ministro Gilmar Mendes interrompeu: "Nós já dissemos que podemos fazer correção até o final". Barbosa suspendeu o debate, que deverá ser retomada apenas ao final da dosimetria de todos os condenados.

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