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Bancada da bala usa massacre em Suzano para defender armas; Maia reage

Após o massacre, parlamentarem começaram a defender liberação das armas e Maia afirmou que a ideia levaria a uma "barbárie"

Suzano: massacre em escola deixou ao menos dez mortos e onze feridos (Amanda Perobelli/Reuters)

Suzano: massacre em escola deixou ao menos dez mortos e onze feridos (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de março de 2019 às 11h27.

Brasília — O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu a tentativa de parlamentares da Frente de Segurança Pública de defender a flexibilização do porte de armas como alternativa para evitar tragédias como a de Suzano.

Um pouco antes do massacre, o presidente Jair Bolsonaro disse a jornalistas que dormia com uma arma ao lado da cama no Palácio do Alvorada.

"O que eu espero é que alguns não defendam que, se os professores estivessem armados, teriam resolvido o problema. Pelo amor de Deus. Espero que as pessoas pensem um pouquinho primeiro nas vítimas dessa tragédia e depois compreendam que o monopólio da segurança pública é do Estado. Não é responsabilidade do cidadão. Se o Estado não está dando segurança é responsabilidade do gestor público da área de segurança", disse Maia, que pediu a suspensão da sessão da tarde desta quarta (13), em homenagem às vítimas.

Sem citar nomes, Maia afirmou que a ideia aventada por alguns defensores da ideia do porte de armas, levaria a uma "barbárie".

"Já não basta o debate sobre posse. Um pedido como esse não é sobre posse, é sobre porte em área urbana. Aí passamos para uma proposta de barbárie no Brasil que não deve avançar", afirmou.

As falas de Maia respondem ao senador Major Olímpio (PSL-SP) e ao deputado Capitão Augusto (PR-SP), que defenderam a liberação da posse como uma saída para evitar ou minimizar o ataque.

Durante reunião da Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado, Olímpio disse que "se tivesse um cidadão com uma arma regular dentro da escola, professor, servente, policial aposentado, ele poderia ter minimizado o tamanho da tragédia" e atacou o Estatuto do Desarmamento e os críticos do decreto assinado por Bolsonaro que flexibilizou a posse de arma.

Para o parlamentar, apesar do decreto presidencial, a legislação continua muito restritiva e peca por omissão. "Vamos, sem hipocrisia, chorar os mortos, vamos discutir a legislação: onde nós estamos sendo omissos?", indagou o parlamentar.

Filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) destacou que armas não servem apenas para matar, mas também para defender.

"A gente sempre vai na argumentação que a arma é um pedaço de metal. Faz tão mal quanto um carro. Ou seja, para fazer mal, precisa de uma pessoa por trás."

De acordo com o Capitão Augusto, líder da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como Bancada da Bala, a tragédia não altera a intenção do grupo de colocar na pauta a discussão sobre o direito ao porte de arma.

O parlamentar disse que no próximo dia 20 a frente será oficializada "com mais de 300 nomes", que defenderão as mudanças imediatas da atual legislação.

"Os desarmamentistas vão tentar usar esse fato para criticar a proposta. Não vamos ceder. O direito a posse e ao porte é o que a população quer."

Governo

O presidente, pelo Twitter, prestou solidariedade às vítimas da tragédia. "Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atentado ocorrido nesta quarta na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos!"

Já o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que casos como o de Suzano estão acontecendo com mais frequência no país. "É muito triste. A gente tem de chegar à conclusão por que isso está acontecendo. Essas coisas não aconteciam no Brasil, aconteciam em outros países", disse o vice.

EUA

Nos Estados Unidos, ataques em escolas são mais frequentes e já motivaram uma série de mobilizações contra o acesso a armas. O massacre de Columbine, que completará 20 anos em abril, é o mais lembrado. Depois dele, crianças passaram a ser treinadas para se proteger em caso de atentados.

O número de ataques no país vem aumentando nos últimos anos. Segundo levantamento do jornal Washington Post, só em 2018, foram 25 tiroteios em colégios.

O episódio mais recente de grandes dimensões ocorreu em uma escola de Parkland, na Flórida, em fevereiro do ano passado.

Depois do ataque, que deixou 17 mortos, o presidente Donald Trump chegou a sugerir armar e treinar professores e funcionários para reagir.

A declaração de Trump teve repercussão negativa entre profissionais da Educação, que fizeram campanhas. Uma delas pedia que os professores fossem "armados" com mais livros e recursos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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