Roberto Carvalho de Azevêdo: o diplomata é casado com a embaixadora do Brasil na ONU em Genebra, Maria Farani Azevêdo, tem três filhas e fala com fluência os três idiomas oficiais da OMC. (Elza Fiuza/ABr)
Da Redação
Publicado em 7 de maio de 2013 às 15h56.
Genebra - O brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo, que conseguiu o apoio necessário para se tornar o novo diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), é um respeitado diplomata e profundo conhecedor desta instituição multilateral.
Aos 55 anos, ele conta com uma experiência de mais duas décadas em assuntos econômicos e comerciais, e baseou sua campanha como candidato à direção da OMC em sua experiência na organização, na qual esteve em contato próximo com seus mecanismos, potencialidades e, sobretudo, os delicados equilíbrios de poder em seu interior.
Desde 2008, Azevêdo é o representante do Brasil perante o organismo com sede em Genebra, função com a qual ganhou a reputação de ser um negociador experiente e confiável, assim como um "criador de consenso".
O próprio Azevêdo disse em várias ocasiões que o principal desafio de quem assumisse a direção da organização - e que seria uma de suas prioridades se eleito - será o de desbloquear as negociações da Rodada do Desenvolvimento de Doha, abertas em 2001 e estagnadas desde meados de 2008.
Azevêdo participou de grande parte das conferências ministeriais - principal órgão de decisão - da OMC desde o início da Rodada de Doha. Durante suas quase 50 visitas a diversos países para reunir apoios à sua candidatura, afirmou conhecer a fundo os problemas da instituição e estar capacitado para contribuir para sua solução.
Até mesmo seu oponente na disputa pela direção da OMC, o mexicano Herminio Blanco, reconheceu as qualidades de Azevêdo como conhecedor do comércio e da OMC.
Uma das propostas do diplomata brasileiro foi facilitar o acesso, à organização, dos países que ainda não são membros para que todas as regiões geográficas participem do sistema multilateral de comércio internacional, especialmente os países árabes, metade dos quais não pertencem ao organismo.
Seus críticos diziam que seus principais atrativos para ser eleito diretor-geral eram sua juventude e carisma, mas ressaltavam sua falta de experiência nos níveis mais altos da gestão pública.
Azevêdo conta com uma longa experiência profissional: se incorporou ao corpo diplomático em 1984 e trabalhou nas embaixadas brasileiras em Washington e Montevidéu. Ele foi responsável adjunto para Assuntos Econômicos no Ministério das Relações Exteriores entre 1995 e 1997, e depois foi enviado a Genebra, onde assumiu diferentes responsabilidades nas missões diplomáticas na sede europeia da ONU e em outros órgãos internacionais, incluindo a OMC.
Em 2001, participou da criação da Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty, unidade que dirigiu durante quatro anos.
Nesse posto, teve que lidar com disputas comerciais, como a do Brasil contra os Estados Unidos por seus subsídios ao algodão ou contra a União Europeia pelas ajudas à exportação de açúcar.
O diplomata é casado com a embaixadora do Brasil na ONU em Genebra, Maria Farani Azevêdo, tem três filhas e fala com fluência os três idiomas oficiais da OMC: espanhol, inglês e francês.
Em recente entrevista à Efe, Azevêdo destacou que "a situação requer que o candidato que ganhar deve assumir as rédeas imediatamente. Não vai ter tempo de estudar".
"Frente à estagnação vivida pela OMC, a única saída é achar uma solução de dentro", destacou.