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Autoridades trocam informações contraditórias sobre boate

O Ministério abriu um inquérito para apurar as responsabilidades dos envolvidos no caso

A Boate Kiss, onde 235 pessoas morreram e centenas ficaram feridas por causa de incêndio, na cidade de Santa Maria: a frase "Justiça a todos" foi pichada na fachada do estabelecimento (Wilson Dias/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2013 às 19h52.

Santa Maria - A série de irregularidades reveladas nas investigações feitas até agora sobre a tragédia que deixou 235 mortos numa boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul , fez com que viessem à tona informações contraditórias por parte das autoridades que deviam chancelar o funcionamento da casa noturna, levando o Ministério Público do Estado a abrir inquérito para apurar responsabilidades.

A investigação é o primeiro passo para apurar a responsabilidade de órgãos públicos, que poderiam ter falhado na fiscalização da boate, segundo o promotor de Justiça César Carlan. A intenção do MP é apurar a responsabilidade cível, independentemente da criminal.

"A instauração do inquérito civil nos permite requisitar documentos e produzir provas para apurar esse tipo de responsabilidade", disse Carlan.

A Polícia Civil do Estado centra as investigações na confirmação de que os músicos da banda que tocava na madrugada de domingo, quando o incêndio na boate Kiss se iniciou, soltaram um artefato pirotécnico -um sinalizador ou um sputinik- de uso externo dentro do local, e nas irregularidades como extintores vencidos, obstáculos na única porta de saída e superlotação.

Na tarde desta quarta-feira, a polícia realizou uma reconstituição do acidente. Ficou comprovado que houve falhas nos extintores de incêndio e que a fumaça se espalhou em poucos minutos. Na quinta, a perícia técnica voltará ao local, que será depois lacrado para o caso de novas averiguações.

A polícia civil afirmou que as investigações podem levar até seis meses. Um documento será divulgado em 30 dias, mas poderá não ser conclusivo.


Dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira e dois proprietários da boate tiveram prisão temporária decretada e são mantidos sob custódia da polícia para questionamentos sobre o episódio que matou em sua maioria jovens universitários, asfixiados pela fumaça do incêndio, segundo a polícia.

Um dos donos da boate, o empresário Elissandro Spohr, que foi hospitalizado após o incêndio, chegou a tentar se matar na terça-feira, segundo a Polícia Civil. Ele está com a prisão temporária decretada até sexta-feira. O pelotão de operações especiais da Brigada Militar passou a fazer a escolta do empresário, que teme represálias da população.

Na tarde de terça, cerca de 200 pessoas fizeram um protesto na cidade, passando em frente da delegacia regional da Polícia Civil, pedindo responsabilização do poder público.

Nas faixas, amigos e parentes da vítimas --que com um microfone faziam relatos e diziam que a tragédia não foi uma "casualidade"-- chegaram a chamar o prefeito e o governador de omissos.

O prefeito Cezar Schirmer (PMDB) chamou a imprensa e leu uma nota cancelando eventos festivos na cidade por 30 dias, além de proibir pelo mesmo prazo o funcionamento de casas noturnas. Ele também afirmou estar "tranquilo" de que a prefeitura "cumpriu seu dever".


Ele não quis responder perguntas e deixou o local. Quem conversou com jornalistas foi o secretário de Relações de Governo e Comunicação, Giovani Manica, que afirmou que a competência de fiscalizar a boate seria exclusividade do Corpo de Bombeiros.

Horas depois, o Comando Geral da Brigada Militar, responsável pelo Corpo de Bombeiros, subordinado ao governo do Estado, administrado pelo PT, divulgou nota afirmando que a renovação do alvará de proteção contra incêndios estava em andamento, e disse que cabia à Prefeitura de Santa Maria o alvará de funcionamento do local.

Em frente à boate, foi pichada a frase "Justiça a todos".

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A investigação é o primeiro passo para apurar a responsabilidade de órgãos públicos, que poderiam ter falhado na fiscalização da boate, segundo o promotor de Justiça César Carlan. A intenção do MP é apurar a responsabilidade cível, independentemente da criminal.

"A instauração do inquérito civil nos permite requisitar documentos e produzir provas para apurar esse tipo de responsabilidade", disse Carlan.

A Polícia Civil do Estado centra as investigações na confirmação de que os músicos da banda que tocava na madrugada de domingo, quando o incêndio na boate Kiss se iniciou, soltaram um artefato pirotécnico -um sinalizador ou um sputinik- de uso externo dentro do local, e nas irregularidades como extintores vencidos, obstáculos na única porta de saída e superlotação.

Na tarde desta quarta-feira, a polícia realizou uma reconstituição do acidente. Ficou comprovado que houve falhas nos extintores de incêndio e que a fumaça se espalhou em poucos minutos. Na quinta, a perícia técnica voltará ao local, que será depois lacrado para o caso de novas averiguações.

A polícia civil afirmou que as investigações podem levar até seis meses. Um documento será divulgado em 30 dias, mas poderá não ser conclusivo.


Dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira e dois proprietários da boate tiveram prisão temporária decretada e são mantidos sob custódia da polícia para questionamentos sobre o episódio que matou em sua maioria jovens universitários, asfixiados pela fumaça do incêndio, segundo a polícia.

Um dos donos da boate, o empresário Elissandro Spohr, que foi hospitalizado após o incêndio, chegou a tentar se matar na terça-feira, segundo a Polícia Civil. Ele está com a prisão temporária decretada até sexta-feira. O pelotão de operações especiais da Brigada Militar passou a fazer a escolta do empresário, que teme represálias da população.

Na tarde de terça, cerca de 200 pessoas fizeram um protesto na cidade, passando em frente da delegacia regional da Polícia Civil, pedindo responsabilização do poder público.

Nas faixas, amigos e parentes da vítimas --que com um microfone faziam relatos e diziam que a tragédia não foi uma "casualidade"-- chegaram a chamar o prefeito e o governador de omissos.

O prefeito Cezar Schirmer (PMDB) chamou a imprensa e leu uma nota cancelando eventos festivos na cidade por 30 dias, além de proibir pelo mesmo prazo o funcionamento de casas noturnas. Ele também afirmou estar "tranquilo" de que a prefeitura "cumpriu seu dever".


Ele não quis responder perguntas e deixou o local. Quem conversou com jornalistas foi o secretário de Relações de Governo e Comunicação, Giovani Manica, que afirmou que a competência de fiscalizar a boate seria exclusividade do Corpo de Bombeiros.

Horas depois, o Comando Geral da Brigada Militar, responsável pelo Corpo de Bombeiros, subordinado ao governo do Estado, administrado pelo PT, divulgou nota afirmando que a renovação do alvará de proteção contra incêndios estava em andamento, e disse que cabia à Prefeitura de Santa Maria o alvará de funcionamento do local.

Em frente à boate, foi pichada a frase "Justiça a todos".

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