Ônibus: esse é o maior aumento dos últimos cinco anos nos meios de transporte paulistanos (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 7 de janeiro de 2015 às 13h47.
São Paulo - Metade dos passageiros de ônibus de São Paulo foi afetada pelo reajuste de 16,6% da tarifa, que subiu de R$ 3 para R$ 3,50 ontem (6).
Dados da São Paulo Transporte (SPTrans) mostram que 51% dos usuários do sistema - que contabiliza 9,8 milhões de embarques por dia - não têm nenhum tipo de gratuidade nem se beneficiam das tarifas temporais, como a do Bilhete Único Mensal, cujos preços se mantiveram inalterados.
Com isso, a maioria das pessoas que utilizam coletivos paulistanos já está pagando R$ 0,50 a mais por deslocamento realizado. Esse é o maior aumento dos últimos cinco anos nos meios de transporte paulistanos.
Embora a Prefeitura recomende que usuários que fazem muitas viagens migrem para o Bilhete Único Mensal, nem todos preferem a troca.
É o caso do pintor Gilson Marcos Louro, de 53 anos, que mora no Itaim Paulista, na zona leste, e trabalha em diversos pontos da cidade. "Achei esse aumento um absurdo e, pelas contas que fiz, o bilhete mensal não é mais vantajoso, porque tenho de pagar o valor cheio, que é elevado, de uma vez só."
Ele se refere ao preço da categoria mensal do Bilhete Único. Os usuários têm à disposição duas opções. A primeira custa R$ 140 e dá direito a viagens ilimitadas só nos ônibus ou só no metrô e nos trens.
Se o passageiro fizer conexões entre os diferentes modais, precisa utilizar o Bilhete Único Mensal Integrado, que custa mais caro, R$ 230, e dá acesso a ônibus, metrô e trens. Ambos valem por 31 dias a partir da primeira catraca girada após o cartão ser recarregado com a cota.
"Este ano não vai ter manifestação contra esse novo preço da passagem? Ficou muito caro! Um real a mais por dia para ir e voltar", reclama a religiosa franciscana Vanderléia Mello, de 40 anos, que mora em Rio Grande da Serra, na Grande São Paulo.
Ontem, para ir a um compromisso em Perdizes, na zona oeste da capital, ela e um grupo de companheiras evitou pegar ônibus na Estação Palmeiras-Barra Funda para não pagar a diferença, pois já haviam pago a primeira passagem no trem.
Agora, as integrações comuns custam R$ 5,45. Antes, valiam R$ 4,65.
Mas há quem considere migrar para o Bilhete Único Mensal. Esse tipo de cartão passa a ser vantajoso para quem faz acima de 41 viagens por mês.
A subgerente de loja Andréia Ferraz, de 26 anos, disse que conversaria ontem com seu chefe para saber se a empresa poderia pagar a cota do novo cartão em vez do vale-transporte.
Ela usa ônibus e metrô combinados e, com a modalidade temporal do Bilhete Único, poderia economizar cerca de R$ 20 por mês.
Já o assistente de cozinha José Ivaldo Barbosa da Silva, de 43 anos, não tinha certeza se migraria de serviço. Ele também tem vale-transporte, mas ainda não havia calculado se seria vantajoso o bilhete mensal.
"De qualquer forma, os R$ 0,20 de aumento do ano retrasado já eram um absurdo. Esses R$ 0,50 de agora são muita coisa. Acho que vai ter protesto de novo."
Atualmente, 1,81% dos passageiros usa algum tipo de bilhete temporal, que inclui, além do mensal, o diário e o semanal.
Estudantes de baixa renda de escolas e universidades públicas e particulares, além de integrantes do ProUni e do Fies e cotistas, poderão contar com 48 viagens de graça a cada mês a partir de fevereiro, quando começa o ano letivo.
Além disso, passageiros com mais de 60 anos, deficientes e gestantes do Programa Mãe Paulistana não pagam. Contra o reajuste, que também atingiu o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o Movimento Passe Livre (MPL) marcou para as 17 horas de sexta-feira a primeira manifestação pública.
O ato, que já tinha ontem 33 mil presenças confirmadas pelas redes sociais, ocorrerá na frente do Teatro Municipal, no centro da capital.