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Ata sugere manutenção do ritmo de aperto por ora

Documento do BC afirma que medidas tomadas no ano passado ainda serão sentidas na economia

Tombini, presidente do BC: não houve consenso do mercado sobre fim ou não do aperto (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)
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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2011 às 15h19.

São Paulo - Em meio a uma taxa de desemprego em baixa recorde, o Banco Central divulgou nesta quinta-feira a ata de sua última reunião mostrando uma avaliação de piora no cenário prospectivo de inflação.

O documento do encontro do Comitê de Política Monetária na semana passada, que definiu uma alta de 0,5 ponto no juro básico, ressaltou os riscos do descompasso entre oferta e demanda, apontou um alto grau de incerteza à frente e lembrou que ainda serão sentidos impactos das medidas macroprudenciais adotadas no ano passado.

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"O Copom entende que o cenário prospectivo para a inflação evoluiu desfavoravelmente desde sua última reunião... O Copom identifica riscos crescentes à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta", afirmou o colegiado no documento.

"O comitê avalia como relevantes os riscos derivados da persistência do descompasso entre as taxas de crescimento da oferta e da demanda."

Em uma primeira leitura da ata, o mercado descartou um aceleração do ritmo de aperto, mas não houve consenso sobre o tom do documento.

Os analistas ressaltaram a disposição do BC de combater a inflação, mas, com inúmeras variáveis citadas na ata para a tomada de decisão pelo BC, eles preferiram manter, por ora, o cenário para a Selic no ano, ainda que possam mudá-lo dependendo da inflação e da política fiscal. A maioria vê hoje um ciclo de alta total de 1,5 ponto percentual.

"Embora o BC reconheça o crescente risco de não haver convergência da inflação para a meta... ele se refere a fatores transitórios afetando a inflação no primeiro trimestre", disse Zeina Latif, economista sênior do RBS, para completar: "(e) reafirma a visão de uma moderação do crédito e o aperto fiscal como fatores desinflacionários".


A ata foi divulgada pouco antes de o IBGE informar que a taxa de desemprego de dezembro ficou em 5,3 por cento, a menor da série histórica iniciada em 2002 .

Mais cedo, um novo número de inflação mostrou o fôlego da alta dos preços. O IPC da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) registrou uma alta de 1,03 por cento na sua terceira quadrissemana, ante 0,86 por cento no período imediatamente anterior .

Incerteza fiscal e externa

O BC ressalta na ata que "os desenvolvimentos no âmbito fiscal são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária serão tomadas". E o mercado acompanhará atentamente as ações do governo nessa área.

"Apesar de muitos analistas --inclusive nós-- levarem em consideração nas suas expectativas que o governo anuncie até o final de fevereiro um corte significativo nos gastos, há chances de que o governo não tenha forças políticas para fazer um ajuste forte..., o que poderá elevar as estimativas de juros por parte do mercado", disse Inês Filipa, economista da Icap Brasil.

O governo deve anunciar no próximo mês pesados cortes no Orçamento, em um esforço para mostrar o compromisso de responsabilidade fiscal da presidente Dilma Rousseff. Segundo notícias publicadas na mídia, eles poderia chegar perto de 50 bilhões de reais.

A ata destaca ainda as incertezas no âmbito externo. Se de um lado os últimos desdobramentos "apontam menor probabilidade de recersão do precesso de recuperação" das principais economias, por outro a influência sobre o comportamento da inflação doméstica ainda é "ambígua".

O Copom disse ainda que sua previsão para a inflação neste ano aumentou em relação à reunião de dezembro, estando "acima" do centro da meta perseguido pelo governo. O prognóstico para 2012 também encontra-se acima desse patamar. A meta de ambos os anos tem centro em 4,5 por cento e tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

O BC não fornece os números previstos para inflação na ata do Copom, apenas no Relatório de Inflação. Segundo o relatório Focus, o mercado prevê uma taxa de 5,53 por cento para este ano e de 4,54 por cento para o próximo. Em 2010, a inflação já superou o centro da meta, que também era de 4,5 por cento, ficando em 5,91 por cento.

Rádio EXAME: Ata não sinaliza, mas Copom deve acelerar juros em março, diz HSBC

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