Carne Fraca: ainda não é possível mensurar o prejuízo em relação ao mercado externo (Thinkstock/Thinkstock)
Agência Brasil
Publicado em 20 de março de 2017 às 17h38.
Última atualização em 20 de março de 2017 às 17h56.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, disse hoje (20) na capital paulista que o setor cobrou apoio do governo federal após os efeitos negativos da Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta-feira (17) pela Polícia Federal.
A operação investiga o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Sérgio Turra, elogiou a Operação Carne Fraca, mas criticou a forma como foi feita a divulgação das investigações.
"Em um segundo aspecto, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento se movimentou, e nós estávamos juntos, para responder pontualmente àqueles países que fizeram questionamentos diretos e também preparar uma nota técnica para os países que não questionaram para que se sintam tranquilos dentro do processo", disse Camardelli.
A Abiec também já se antecipou fazendo a tradução de sua nota técnica em todas as línguas e mantém o contato diário com os importadores e embaixadas.
Segundo ele, ainda não é possível mensurar o prejuízo em relação ao mercado externo, entretanto já se sabe que há a suspensão das atividades de seis plantas (unidades) e que a China aguarda explicações brasileiras sobre os produtos que estão a caminho do país, o que deve deixar a carne presa nos contêineres por alguns dias.
"Nossa resposta é a de que nós já exportamos 1,5 milhão de toneladas e o Brasil nunca foi veículo de coisa nenhuma e isso (o escândalo) dentro da proporção não significa nada. Nós estamos ratificando frente aos nossos compradores que esse foi um episódio que teve amplitude de uma maneira sutil e que foi um processo de corrupção burocrática sem risco sanitário", defendeu Camardelli.
Ele ressaltou que a população não deve entrar em pânico e que, em termos de saúde pública e segurança alimentar, pode ficar tranquila para consumir os produtos.
"Não existe diferença na produção para o mercado externo e interno. Todos os cuidados e análises são feitos. O consumo está ratificado e não existe risco à população de nenhuma ordem . A área bovina está tranquila e não teve nenhum associado da Abiec envolvido nos processos de fraude. As citações que houve de alguns grupos foram dentro do processo, dentro da avaliação e investigação".
O diretor técnico ABPA, Rui Vargas, avaliou que houve um grande equívoco técnico quando se fez uma massificação da informação tentando repassar uma imagem negativa da carne brasileira para os consumidores e importadores.
"Todas as coisas que foram ditas são equivocadas tecnicamente. As ações que nos foram comunicadas serão tomadas para aprimorar o processo e dar garantias fortes e seguras aos consumidores. O ministério nos comunicou que fará uma operação de auditoria em todas as empresas citadas."
Vargas disse ainda que a operação da Polícia Federal deveria ter envolvido apenas a postura e comportamento dos funcionários do ministério e das empresas citadas e não a qualidade dos produtos.
"Não havia motivo para falar da qualidade da carne ofertada. Ficou muito claro que as coisas estão dissociadas e que o governo está tomando medidas fortes tentando levar essa imagem ao conhecimento de todos os países e consumidores."
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Sérgio Turra, elogiou a Operação Carne Fraca, mas criticou a forma como foi feita a divulgação das informações.
Para Turra, a notícia no dia da operação provocou desinformação generalizada, propiciando o surgimento de informações sobre carne podre, contaminada e envenenada.
"A operação é perfeita porque temos que perseguir a perfeição, mas a comunicação ensejou uma imagem de que tudo aqui é ruim".
Turra ressaltou que agora a entidade tem como foco um trabalho de reconstrução da verdade, de separar "o joio do trigo", para que tudo fique claro para o consumidor interno e externo.
"O Brasil é exportador, então nosso trabalho é deixar claro quem cometeu e onde. Se houve servidor público envolvido, o ministério tem que puní-lo e as empresas também vão banir quem cometeu qualquer equívoco. Nossa luta é para dizer a verdade. Está muito claro que 99,9% dos produtores são corretos e inspecionam. A bioseguridade do Brasil é impecável".