Para coronel reformado, não é possível revistar 2 milhões de pessoas no réveillon de Copacabana para evitar manifestações violentas (Riotur/Divulgação)
Marcelo Ribeiro
Publicado em 28 de dezembro de 2016 às 18h44.
Última atualização em 28 de dezembro de 2016 às 23h01.
São Paulo – Um dos cenários brasileiros mais disputados na virada do ano pode ter um capítulo triste em sua história. A Aomai (Associação de Oficiais Militares Ativos e Inativos da PM e do Corpo de Bombeiros) publicou nesta quarta-feira (28) uma carta pedindo que a Prefeitura do Rio de Janeiro cancele a festa de Copacabana na virada do ano. O motivo da solicitação é a grave crise política e financeira pela qual a região está passando.
Procuradas por EXAME.com, as assessorias de imprensa da prefeitura e do governo do Rio não responderam até a publicação da reportagem.
A festa em Copacabana costuma atrair 2 milhões de pessoas e custam cerca de R$ 5 milhões. As dificuldades financeiras do estado foram determinantes para que a prefeitura decidisse reduzir a duração da queima de fogos de 16 para 12 minutos.
Esse será o primeiro ano que os gestores precisarão colocar a mão no bolso para pagarem parte das despesas, já que os patrocinadores não vão assumir todos os gastos com a festa.
Segundo a associação, a crise nas finanças do Executivo tem gerado uma onda de manifestações violentas e a festa de Copacabana poderia ser palco de novos protestos.
"A Aomai, antevendo a possibilidade de ocorrência de manifestações que, pela amplitude e quantidade de pessoas envolvidas, poderão tomar proporções violentas e atentatórias a integridade da população presente ao evento, recomenda o cancelamento dos shows artísticos e pirotécnicos no município do Rio", diz a carta, assinada pelo presidente da associação, coronel Adalberto de Souza Rabello.
O coronel reformado da Polícia Militar Paulo Ricardo Paul afirmou a EXAME.com que grupos do funcionalismo e dos militares estaduais do Rio de Janeiro são os responsáveis pelos protestos violentos mais recentes.
“O réveillon do Rio é marcado pela multidão e é prestigiado pela imprensa do mundo todo. Ou seja, é o cenário ideal para se fazer uma manifestação violenta para chamar a atenção”, disse Paul.
De acordo com o coronel reformado, não é possível revistar 2 milhões de pessoas para evitar que uma pessoa entre com um morteiro ou uma bomba feita com fogos de artifícios.
“Se a festa acontecer, o Rio estará correndo um risco desnecessário. Estamos vivendo um momento no Rio de Janeiro que não é apropriado fazer aglomeração de pessoas por causa do contexto político e financeiro “, concluiu o coronel reformado.