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Às vésperas da Copa, SP tem pior crise hídrica da história

A ONG WWF Brasil denunciou nesta terça que a situação do Sistema Cantereira é resultado da falta de planejamento do governo durante décadas


	Cantareira: volume do sistema chegou hoje a 9,8% de sua capacidade, pior nível registrado desde 1984, quando começaram medições, informou a Sabesp
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Cantareira: volume do sistema chegou hoje a 9,8% de sua capacidade, pior nível registrado desde 1984, quando começaram medições, informou a Sabesp (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 19h12.

São Paulo - A apenas cinco semanas do início da Copa do Mundo, São Paulo atravessa uma das piores crises hídricas de sua história por conta da falta de água nos reservatórios que abastecem o estado.

A ONG WWF Brasil denunciou nesta terça-feira que a situação do Sistema Cantereira, que abastece grande parte de São Paulo, é resultado da falta de planejamento do governo durante décadas.

"Pensávamos que nunca ia faltar água, mas não contávamos com uma concentração tão grande de pessoas. O crescimento de São Paulo deveria ter sido acompanhado por um planejamento", disse à Agência Efe Glauco Kimura de Freitas, coordenador do Programa Água para a Vida da organização ambientalista.

De acordo com Kimura, apesar de o governo de São Paulo negar em diversas ocasiões o racionamento de água, dita prática será "inevitável" devido aos baixos níveis dos reservatórios.

"O possível racionamento de água não está sendo admitido pelo governo por ser uma medida que pode gerar desgaste em um ano de eleições. Não está sendo admitido, mas é inevitável", comentou.

O volume do Sistema Cantareira, que tem capacidade para cerca de um trilhão de litros e é a fonte de água distribuída a 8,8 milhões de residências em São Paulo, chegou hoje a 9,8% de sua capacidade, o pior nível registrado desde 1984, quando começaram as medições, informou a empresa estatal de saneamento Sabesp.

A quantidade de água do sistema, formado por seis açudes conectados por túneis e canais, vem caindo de forma consecutiva nas últimas duas semanas devido à falta de precipitações na região.

Segundo o especialista, esta situação "põe em risco o abastecimento" para parte da população de São Paulo, já que o período de chuvas, de dezembro a abril, terminou com baixos níveis nos reservatórios.

Em dezembro, foram registrados 62 milímetros de precipitações, quando a média histórica para esse mês é de 226 milímetros, enquanto janeiro teve 87,8 milímetros, frente à média mensal de 260 milímetros.

Perante este cenário, o governo estadual propôs diversas medidas para tentar controlar o consumo excessivo de água, como a imposição de uma multa de 30% para os clientes da Sabesp)que gastem por mês mais que a média mensal do ano anterior.

"Por um lado, é uma medida boa, porque desanima os usuários a gastar, mas por outro lado é uma medida ruim porque pode ser que haja pessoas que excepcionalmente e por motivos de força maior necessitem consumir mais água", declarou Kimura.

O ambientalista, no entanto, elogiou outra das propostas do governo, a adoção de um desconto de entre 20% e 30% para pessoas que reduzam o consumo de água.

"Essa medida não deve ser considerada só em momentos de crise, deve ser adotada também sem crise (...) Se essa medida tivesse sido tomada de forma constante, a crise hoje seria muito menor", opinou.

Perguntado sobre como o aumento de turistas em São Paulo durante a Copa pode afetar o abastecimento de água, o representante da WWF preferiu não abordar o tema ao desconhecer os "riscos exatos".

"Seria uma especulação de minha parte falar sem ter os dados porque geraria um alarme durante o Mundial", concluiu.

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