Debate: presidenciáveis participaram de sabatina do UOL, SBT e Folha de S.Paulo (Nacho Doce/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 26 de setembro de 2018 às 19h25.
Última atualização em 26 de setembro de 2018 às 20h37.
São Paulo — Educação, crise econômica, desemprego, corrupção e PT estiveram entre os temas mais debatidos no quinto debate dos candidatos à Presidência, que aconteceu nesta quarta-feira (26) e teve oito participantes.
Participaram Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Cabo Daciolo (Patriota). Hospitalizado, Jair Bolsonaro (PSL) não participou.
Nos três blocos do programa, questões sobre saúde e segurança — os dois principais problemas apontados pelos eleitores, segundo o Datafolha — tiveram pouco destaque.
A sabatina foi organizada pelo SBT, UOL e Folha de S.Paulo e durou 1 hora e 45 minutos, com participação de jornalistas dos veículos organizadores e mediação de Carlos Nascimento.
No debate entre Guilherme Boulos e Geraldo Alckmin, o tucano foi questionado sobre supostas irregularidades com o dinheiro da merenda durante seu governo no estado de São Paulo.
"Onde está o dinheiro da merenda, candidato?", perguntou Boulos, para depois afirmar na tréplica que Alckmin é "o Cabral que está solto".
De resposta, o candidato do PSDB respondeu: "Este é o nível do candidato a presidência do PSOL. Eu tenho anos de vida pública, e não de invasão de propriedades".
Já Cabo Daciolo alfinetou Ciro Gomes sobre sua ida ao hospital Sírio-Libanês, nesta terça-feira (25): "A democracia é uma delícia né? Mas o senhor, quando ficou doente foi para o Sírio Libanês. E o povo, como fica?".
Já Fernando Haddad e Marina Silva se estranharam sobre a gestão de Michel Temer (MDB). "O governo do Temer foi colocado onde está pelo PT, por Dilma Rousseff, que o escolheu para vice", disse Marina.
Na réplica, o petista jogou a culpa de volta para a presidenciável da Rede. "Quem colocou o Michel Temer foram vocês. Temer traiu a Dilma e está lá graças a vocês", uma referência ao apoio de Marina ao impeachment da ex-presidente.
No final do primeiro bloco, Henrique Meirelles escolheu Cabo Daciolo para falar sobre economia. O candidato questionado, afirmou que os "banqueiros ficam matando e roubando o povo brasileiro". Em seguida, disse que "em breve vocês vão aceitar o senhor Jesus".
No segundo bloco, foram os jornalistas que perguntaram. Ciro Gomes foi questionado se manteria apoio do PT caso levasse a Presidência.
"Eu, francamente, se puder governar sem o PT, prefiro. O PT representa uma coisa muito grave. É uma estrutura de PT odienta, que acabou criando o Jair Bolsonaro, essa aberração", disse Ciro.
Haddad rebateu: "O Ciro disse que não pretende governar com o PT, sendo que há pouco tempo atrás me chamou para ser seu vice".
Questionado sobre suas visitas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva às segundas-feiras, o petista reforçou a "injustiça que estão fazendo com Lula" e relembrou que também é seu advogado. "Eu vou com muita honra a Curitiba. Não vou descansar enquanto ele não for inocentado".
No último bloco, os candidatos questionaram uns aos outros novamente, e Meirelles provocou o ex-governador: "São Paulo tem uma extensa rede de metrô, mas que demorou 20 anos para ser concluída. É essa a eficiência que você quer levar para Brasília?".
Marina Silva levantou a questão sobre a mulher no mercado de trabalho em sua pergunta para Álvaro Dias, que prometeu investimentos massivos em creche, "para que a mulher seja uma mãe feliz".
Entre Boulos e Daciolo, o candidato do Patriota disse que considera a urna eletrônica uma fraude e que "o voto voltará a ser em cédulas".
No encerramento da sabatina, cada candidato teve um minuto para resumir seu plano para o país.
Daciolo disse que está profetizando sua eleição, no primeiro turno, já que "sem fé é impossível agradar a Deus."
Boulos afirmou que ninguém muda andando com os mesmo de sempre: "Se você é contra o sistema falido, vote 50."
Ciro escolheu por falar sobre polarização: "Se você é eleitor do Bolsonaro, porque é contra o PT, não conseguiremos mudar nada. Me dê uma chance, todas as pesquisas mostram que eu posso ganhar."
Meirelles criticou a postura dos envolvidos nas eleições: "O que nos vimos é um ringue e um show, mas ninguém brigando de fato o que interessa a você, eleitor."
Haddad citou os feitos do PT: "Nós sairemos da crise. Foram 12 anos, 20 milhões de postos de trabalho, quase triplicamos o numero de estudantes nas universidades."
Alckmin apontou erros da gestão petista e falou sobre economia: "O pais ficou caro, olha o preço do combustível, o emprego sumiu e o Brasil tem pressa."
Marina optou por falar com as mulheres: "Tenho orgulho de estar participando do debate, principalmente de representar você, mulher."
Álvaro Dias encerrou o debate falando sobre corrupção: "Apoiei o governo e fui expulso porque apoiei uma CPI que combatia a corrupção. Eu vou impedir a volta de uma organização criminosa."