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As grandes surpresas das eleições 2018

Noite de surpresas nos estados por causa de Jair Bolsonaro

Eleições: tudo por causa do bom desempenho nos estados de candidatos identificados aos valores defendidos pelo presidenciável (Facebook de Comandante Moisés/Reprodução)

Eleições: tudo por causa do bom desempenho nos estados de candidatos identificados aos valores defendidos pelo presidenciável (Facebook de Comandante Moisés/Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 8 de outubro de 2018 às 00h38.

Última atualização em 8 de outubro de 2018 às 01h00.

São Paulo — As eleições 2018 ficarão marcadas como uma das mais surpreendentes da história brasileira.

Tudo isso por causa do bom desempenho nos estados de candidatos identificados aos valores defendidos pelo presidenciável Jair Bolsonaro - que, com 46% dos votos no primeiro turno, é o favorito para o segundo turno da corrida ao Palácio do Planalto, marcado para 28 de outubro.

Os exemplos mais evidentes dessa tendência são os azarões Wilson Witzel (PSC), candidato ao governo do Rio de Janeiro, e Romeu Zema (NOVO), que pleiteia o governo de Minas Gerais.

Ambos declararam apoio a Bolsonaro nas últimas semanas e têm perfil identificado às pautas do presidenciável, como o combate à corrupção, a defesa de valores familiares e de uma agenda pró-mercado na economia.

Ex-juiz federal, Witzel é uma espécie de Sergio Moro carioca, tendo participado de investigações de peso no estado, como a que levou o ex-governador Anthony Garotinho à prisão. Assim como Bolsonaro, Witzel usa o discurso de combate à corrupção e de valorização das forças policiais para cacifar-se politicamente.

Já o argumento liberal de Bolsonaro está no discurso de Zema, líder nas pesquisas em Minas Gerais. Dono do Grupo Zema, rede de varejo que fatura R$ 4,5 bilhões em setores diversos - da moda aos postos de combustíveis, passando pelo carro-chefe que são as lojas de eletrodomésticos e móveis -, agora Zema estreia na política com discurso de simplificar a carga tributária e melhorar o ambiente de negócios ao cuidar com mais afinco das contas públicas.

Os casos de Rio de Janeiro e Minas Gerais são os mais evidentes de uma tendência de renovação política com base em candidatos que, Brasil afora, apoiam publicamente Bolsonaro ou estão identificados com valores do presidenciável.

É o caso de Luiz Carlos Heinze (PP), eleito senador do Rio Grande do Sul com quase 22% dos votos e um discurso abertamente pró-Bolsonaro apesar de seu partido ter apoiado Geraldo Alckmin à Presidência.

Em Santa Catarina, o bolsonarismo moldou um segundo turno entre o deputado estadual Gelson Merísio (PSD), que na reta final da campanha fez vídeo divulgando apoio ao militar reformado, e Comandante Moisés, bombeiro aposentado que estreou na política pelo PSL de Bolsonaro.

No Mato Grosso do Sul, o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira (PDT) estreia na política com 31% dos votos para governador e deverá enfrentar o veterano Reinaldo Azambuja, atual ocupante do posto no segundo turno.

É uma situação semelhante à de Rondônia, onde o coronel da polícia militar Marcos Rocha, do PSL de Bolsonaro, obteve 24% dos votos e encara o ex-senador Expedito Júnior (PSDB).

No Distrito Federal, a chapa do advogado Ibaneis Rocha (MDB), que inclui o partido de Bolsonaro, ficou em primeiro lugar, com 41% dos votos e encara o atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB).

Legislativo

A vitalidade da onda Bolsonaro também chegou ao Congresso. Na Câmara dos Deputados, o PSL terá 52 deputados na próxima legislatura - na eleição de 2014, o partido elegeu apenas um deputado.

Em 2019, o partido de Bolsonaro será a segunda maior força na Casa, atrás apenas do PT, com 57 deputados, 13 a menos do que conquistou há quatro anos, de acordo com mapeamento do número político da XP Investimentos.

Surpreendem ainda o bom desempenho de partidos com agendas similares a do PSL, mais à direita no espectro ideológico. O NOVO chegou a oito deputados, ante nenhum na eleição há quatro anos. O Avante chegou a sete -- em 2014 eram dois. O Patriota, do candidato Cabo Daciolo, conquistou cinco cadeiras, três a mais do que em 2014.

Na parte das surpresas negativas, estão boa parte da elite política brasileira. A começar pelo tropeço de medalhões da esquerda.

Talvez a mais retumbante seja a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que ficou em terceiro lugar em Minas Gerais assim como seu colega de partido Fernando Pimentel, fora do segundo turno ao governo mineiro.

Em São Paulo, o petista Eduardo Suplicy foi derrotado pela dupla Major Olímpio (PSL) e Mara Gabrilli (PSDB), ambos estreantes no Senado.

No Rio de Janeiro, Lindbergh Farias perdeu para a dupla Flávio Bolsonaro (PSL) e Arolde de Oliveira (PDT), também novatos no Senado e apoiados pelo presidenciável.

Mesmo no Nordeste, onde famílias tradicionais da política conseguiram manter o poder, como é o caso dos Calheiros em Alagoas, figurões identificados com a política tradicional ficaram de fora.

É o exemplo de Eunício de Oliveira (MDB), atual presidente do Senado, que perdeu a disputa pelas duas vagas do estado, agora nas mãos de Cid Gomes (PDT) e do novato Eduardo Girão (Pros).

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