Flávio Bolsonaro (Facebook/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 8 de outubro de 2018 às 06h23.
Última atualização em 8 de outubro de 2018 às 07h01.
O segundo turno traz uma certeza e algumas questões em aberto no tocante às fake news. A certeza: elas continuarão sendo distribuídas em profusão nas redes sociais por eleitores de todos os partidos, sobretudo por parte dos aliados de Jair Bolsonaro (PSL), o candidato cujos eleitores mais distribuem conteúdo nas redes sociais — 40% deles, ante 22% dos eleitores de Fernando Haddad, segundo o Datafolha.
Assim como ao longo de todo o primeiro turno, o dia de votação neste domingo foi marcado pela distribuição de notícias falsas. No dia de ontem, um dos boatos mais espalhados foi o de pretensas irregularidades nas urnas, que não estariam mostrando nomes sobretudo de Jair Bolsonaro ou de seus aliados. O candidato do PSL afirmou reiteradas vezes não confiar nas urnas eletrônicas, e incentivou seus eleitores a desconfiar da lisura do sistema eleitoral.
A primeira dúvida é se os partidos, de alguma forma, agirão para controlar a distribuição de fake news. O PT deu uma demonstração neste sentido ao anunciar, na semana passada, a criação de uma plataforma para receber e esclarecer as notícias falsas. Mas o partido mirou, claro, a distribuição de mentiras de seus opositores, e não de seus aliados. A campanha de Bolsonaro, por sua vez, não só não fez nenhuma menção de conter a distribuição de mentiras como foi a que mais se beneficiou do clima de mentiras e de dúvidas sobre o processo eleitoral.
Outra questão é se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) será mais competente para lidar com a distribuição das mentiras virtuais. O Conselho Consultivo sobre Internet e Eleições, criado justamente com este fim, vai se reunir pela primeira vez durante as eleições na quarta-feira. Ontem, a ministra Rosa Weber, presidente do TSE, falou que as fake news vêm acometendo o Brasil e o mundo inteiro, e que o Tribunal ainda está aprendendo a lidar com a novidade. A ministra citou um vídeo divulgado por Flávio Bolsonaro (PSL), senador eleito no Rio de Janeiro, em que um eleitor digita apenas o número 1 na tela e parece o nome de Fernando Haddad. Mentira, claro. Ontem, a campanha petista comemorou uma primeira vitória no TSE: a determinação de retirar do ar 35 notícias falsas contra o partido e sua investigação.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por sua vez, disse que as mentiras serão investigadas pelo Ministério Público Federal. Depois de elas terem ajudado a eleger uma série de candidatos, e de terem pesado nas eleições para presidente no primeiro turno, pode ser tarde demais.